O Zika tem tomado conta dos noticiários nos últimos meses.

No entanto, ainda existem algumas dúvidas a respeito de como ele surgiu, qual a dimensão do surto e quais, exatamente, são os sintomas da infecção causada por ele. Sendo assim, responderemos sete dúvidas bem comuns para que você entenda e possa se prevenir melhor.

1 – O que é?

Basicamente, é um vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. É da mesma família da dengue, febre amarela e chikungunya e ainda não há tratamento ou vacina disponível.

2 – Quais os sintomas?

A maioria das pessoas que foi picada ainda não sabe que está infectada, isso porque mais de 80% dos casos foram assintomáticos. No entanto, os que apresentaram sintomas relataram dores de cabeça, no corpo, atrás dos olhos e nas juntas; além de febre, coceira e manchas vermelhas na pele.

3 – Como o vírus se espalhou?

O Zika é um arbovírus –  um vírus que é transmitido por artrópodes, como os mosquitos. Neste caso o vetor, que é o Aedes aegypti, vive principalmente nas áreas tropicais do mundo, sendo bem adaptável ao modo de vida dos humanos.

Eles botam seus ovos em água parada e se alimentam de sangue através de picadas. O A. aegypti também é capaz de viajar e pode se espalhar pelo mundo através de barcos ou aviões que se movem por todos os continentes.

Enquanto que o A. aegypti é o principal vetor do Zika, há a preocupação de que outros mosquitos também sejam capazes de transmitir o vírus.

Outro mosquito a ser considerado é o Aedes albopictus (ou Tigre Asiático), que também transmite dengue, febre amarela e Chikungunya e acabou sendo considerado mais resistente que o A. aegypti. O A. albopictus, em 2007, esteve envolvido em um surto de Zika no Gabão e foi o principal vetor do surto de chikungunya no Japão, em 2006.

Pesquisadores brasileiros também estão testando a possibilidade de que outra espécie de mosquito, da família Culex, também seja capaz de transmitir a doença. Neste caso, enquanto que o A. aegypti é geograficamente limitado, os A. albopictus e os da família Culex, são mais amplamente distribuídos e podem viver em climas mais frios.

A transmissão de humano para humano também é, teoricamente, possível. Há dois relatos de transmissão do vírus por via sexual. Um relatório contava o caso de um americano que havia contraído Zika no Senegal e desenvolveu os sintomas apenas quando chegou em sua casa, no Colorado.

Assim, sua esposa, que não havia feito a viagem, também desenvolveu a infecção após a exposição. No segundo caso, o vírus foi encontrado no sêmen de um homem no Taiti, muito tempo depois de ele ter sido declarado livre da doença em seu sangue. No entanto, mesmo que isso seja possível, parece ser um modo muito raro de transmissão.

4 – De onde veio?

Ele foi descoberto em 1947 em um macaco na floresta de Zika, na Uganda, quando pesquisadores estudavam a febre amarela. Um ano mais tarde, o vírus foi encontrado em um mosquito no mesmo local e amostras de sague de seres humanos mostravam anticorpos para o Zika, evidência de que tinham sido previamente infectados com o vírus.

O primeiro caso documentado aconteceu na Nigéria, em 1968. Testes de sangue na década de 1950 e 1960 apresentaram infecção relacionada ao vírus em toda África e Ásia. O primeiro surto da doença fora desses continentes aconteceu em Yap Island, em 2007, e infectou quase 75% da população de 6.900 pessoas da ilha. Um segundo surto foi registrado na Polinésia Francesa em 2013/14 e pode ter infectado até 19 mil pessoas.

5 – Qual a extensão do surto?

O Zika apareceu pela primeira vez aqui no Brasil, em 2015, possivelmente introduzido a partir do surto que aconteceu na Polinésia Francesa durante a Copa do Mundo de 2014, ou outros eventos internacionais. A transmissão ativa do vírus foi confirmada em 22 países e muitos deles são destinos turísticos populares.

Casos associados a viagens foram diagnosticados na Dinamarca, Espanha, Portugal Itália e Reino Unido. Nos Estados Unidos, cerca de uma dúzia de casos foram relatados. A OMS sugere que o surto poderia afetar até 4 milhões de pessoas e aproximadamente 1 milhão já foram infectadas.

6 – Mas por que é tão sério?

Em primeiro lugar porque pode infectar uma grande parte da população. Quando o vírus chegou aqui, nós, assim como alguns outros países, nunca havíamos experimentado um surto desse tipo de vírus, por isso não possuímos imunidade para combatê-lo, sendo assim a maioria das pessoas é vulnerável.

Além disso, houve um aumento absurdo de casos de microcefalia em bebês e isto tem sido associado a infecções por zika. Quase 4 mil bebês foram diagnosticados com microcefalia, desde outubro de 2015. Por causa disso, muitos países estão aconselhando mulheres a evitarem provisoriamente a gravidez e, para as que já estão grávidas, que evitem viajar para as zonas mais afetadas.

Outro motivo envolve outra condição neurológica que pode estar relacionada ao vírus: a Síndrome de Guillan-Barré. Casos relatados na Polinésia Francesa, Colômbia e também aqui no Brasil, fizeram com que os pesquisadores começassem a associar o vírus com a condição.

7 – O que não sabemos sobre o Zika?

Infelizmente, muita coisa. Neste momento, parece haver essa relação entre a microcefalia e Síndrome de Guillan-Barré, com a infecção por Zika. No entanto, não podemos ter 100% de certeza e se esse for o caso, o problema será descobrir como, exatamente, o vírus está fazendo isso.

Não existe nenhuma vacina ou tratamento para Zika, embora o surto tenha estimulado um interesse em desenvolvê-las, isso pode demorar até uma década. Por enquanto, os esforços de controle estão concentrados na eliminação do mosquito e informar a população sobre os potenciais riscos de infecção.

Fonte: Mental Floss Foto: Reprodução / Wikipédia

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