Robôs que controlam espermatozoides podem resolver problema de infertilidade masculina

de Otto Valverde 0

Uma equipe de cientistas, na Alemanha, desenvolveu minúsculos robôs capazes de ajudar a resolver problemas de mobilidade dos espermatozoides, combatendo uma das maiores causas de infertilidade masculina. Se os pesquisadores forem capazes de replicar com sucesso os seus resultados de laboratório, dentro do corpo humano, poderia ser uma nova opção para os casais que tentam ter filhos.

Apelidados de “spermbots” (espermatozoides-robô), os mecanismos possuem hélices de metal em miniatura, grandes o suficiente para envolver completamente a cauda de um único espermatozoide e ajudá-lo ao longo de seu caminho até o óvulo. Os bots são movidos com o auxílio de um campo magnético controlado pelos cientistas. Todas as experiências realizadas até então tinham sido com gametas de touros em uma placa de Petri (recipiente utilizado para cultura de micróbios). Ao atingir seu alvo e adentrar o óvulo, o espermatozoide é forçado pelo invólucro de metal a inverter a direção para se libertar.

Embora ainda estejam em fase inicial, os novos spermbots poderiam, teoricamente, proporcionar uma alternativa mais eficaz à inseminação artificial e fertilização in vitro (em que o óvulo é removido do corpo antes de ser fertilizado) para casais. O trabalho do grupo do Instituto de Nanociências Integrativas do Leibniz Institute for Solid State and Materials Research, em Dresden, na Alemanha, foi publicado na revista Nano Letters.

“Nossos resultados indicam que micro-hélices de polímero revestidas de metal são adequadas para esta tarefa, devido ao movimento controlável e não-prejudicial do molde 3D. Apesar do fato de que ainda há alguns desafios no caminho para que a fertilização seja bem-sucedida com espermatozoides, acreditamos que o potencial desta nova abordagem para reprodução assistida já pode ser colocado em perspectiva com o presente trabalho”, explica o relatório.

A revista New Scientist relata que os minúsculos robôs são feitos de nanopartículas de ferro e titânio e possuem 50 micrômetros de comprimento e de 5 a 8 micrômetros de diâmetro (1.000 micrômetros equivalem a um milímetro). Eventualmente, eles poderiam encontrar uma ampla gama de utilizações para o mecanismo. Eric Diller, engenheiro mecânico e industrial da Universidade de Toronto, no Canadá, que não estava envolvido na pesquisa, disse em entrevista à revista: “Este tipo de abordagem híbrida pode liderar o caminho na tomada de microssistemas robóticos eficientes”.

As próximas etapas consistem em descobrir um método de melhorar o controle da direção destes spermbots, atualizando a construção do micromotor. Além disso, é preciso investigar possíveis problemas relacionados ao sistema imunológico do corpo. O vídeo divulgado pela American Chemical Society para acompanhar o relatório diz que este é “um começo promissor”, mas ainda há muito trabalho a ser feito.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / American Chemical Society ]

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