Por que os palhaços assustadores que apareceram recentemente tomaram todas as atenções? O blog Science of Us da revista NYMAG está investigando a psicologia por trás de alguns medos mais comuns.
As crianças, em geral, têm um monte de medos estranhos e muito específicos. A escritora americana Laura June constatou que sua filha tinha medo de tubarão e observou que as razões pelas quais alguém vai desenvolver um medo durante a infância são diversas e complicadas. Qualquer coisa pode influenciar uma criança a ficar apavorada – desde cães ao som do trovão, por exemplo.
Mas há um medo que a maioria das pessoas tem ou já teve: o medo do escuro. Ao contrário da maioria dos medos da infância, muitas pessoas nunca se libertam totalmente dele.
A criança é propensa a ter medo do escuro
Alguns medos são adquiridos com base em experiências de vida específicas, já outros são mais universais. O medo do escuro, que cientificamente é conhecido como nictofobia, entra na segunda categoria por uma razão: não é o próprio escuro que é assustador, mas sim o que o escuro esconde. A escuridão nos deixa vulneráveis e expostos, incapazes de detectar ameaças que possam estar à espreita nas proximidades.
Para a maior parte da história humana, escuro significava perigo, mas a escuridão tem, no entanto, mantido seu lugar em nossa mente como uma manifestação do desconhecido.
O psicólogo Thomas Ollendick, diretor do Child Study Center da Virginia Tech University, disse ao site Live Science que os medos infantis da escuridão provêm de um medo do “inesperado”: “As crianças acreditam em tudo o que se pode imaginar”. “No escuro, ladrões podem vir, eles podem ser sequestrados, ou alguém pode vir e levar os brinquedos para longe.” Em outras palavras, nossos cérebros preenchem a escuridão com o lado assustador de possibilidade ilimitada.
Mas o escuro é um medo comum entre os adultos também…
À medida que as pessoas envelhecem, geralmente aprendem a desconsiderar esse vínculo na vida cotidiana. O escuro pode aumentar o fator assustador de uma situação nova, mas a maioria de nós se torna suficientemente confortável em apagar as luzes de casa, por exemplo. Porém, não são todos: uma pesquisa realizada no Reino Unido em 2012 revela que 40% dos entrevistados disseram ter medo de andar pela casa com as luzes apagadas e que 10% das pessoas disseram que nem sequer saíam da cama para usar o banheiro no meio da noite.
Por mais comum que seja, diagnosticar é dificil
Mas a conexão com hábitos ruins de sono também torna fácil confundir o medo do escuro com outros medos ou com uma ansiedade mais geral. “Um indivíduo pode não ser capaz de dormir quando está escuro e sua mente começa a vagar”, disse a autora do estudo Colleen Carney, professora de psicologia da Universidade Ryerson em Toronto, no Canadá.
“Eles pensam: e se alguém invadir minha casa? Ao invés de perceberem essas associações que podem indicar um medo do escuro, eles ignoram e assumem que têm medo de assaltantes”. Como em outras fobias, Carney acrescentou: “O medo do escuro pode ser tratado através da terapia de exposição. A chave é apenas reconhecê-lo primeiro”.
[ NYMAG ] [Fotos: Reprodução / Pixabay ]