No Tinder, mais de 750 mil pessoas têm piolhos pubianos, diz estudo estatístico

de Bruno Rizzato 0

O piolho-da-púbis (espécie Phthirus pubis) — também conhecido como popularmente apenas como “chato” — é um parasita considerado o principal responsável por uma das infecções sexualmente transmissíveis mais contagiosas: a pediculose pubiana.

Talvez, sua ausência nos avisos sobre a saúde sexual seja pela falta de implicações sérias decorrentes de sua infestação. Seu deslocamento entre pessoas sexualmente ativas e o diagnóstico errôneo feito pelas consultas pela internet, podem confundir os acometidos que, geralmente, possuem muita coceira na região genital.

Acredita-se que os piolhos pubianos tenham parasitados os seres humanos há mais de 10 mil anos. Há evidências de infestação no período paleolítico, e em diversos outros registros ao longo da História.

O problema não era restrito aos pobres, até mesmo a realeza sofria com o parasita. Mesmo a ascensão de saneamento básico e do hábito de tomar banho surgidos na Grécia Antiga e aprimorados no Império Romano, não foram suficientes para interromper a propagação do chato.

Na classificação geral, são chamados apenas de piolhos os que infestam a cabeça, muquirana os que infestam o corpo e chatos os que infestam pelos pubianos, sobrancelhas e cílios.

Enquanto os piolhos se adequaram à vida entre os cabelos humanos, os chatos preferem regiões mais quentes e úmidas, como a genital, normalmente preenchida com abundância de pelos grossos que fornecem um local ideal para sua moradia.

O que são piolhos pubianos?

Os piolhos pubianos são pequenos insetos de 1,5 mm. Eles parecem “caranguejos” minúsculos e têm garras perfeitamente projetadas para correr entre os pelos pubianos.

Acredita-se que os chatos vivam menos de 1 mês, mas uma fêmea pode colocar cerca de 30 ovos durante esse tempo, garantindo uma população estável. Uma vez fora dos pelos, eles são desajeitados para andar e conseguem sobreviver apenas alguns dias.

Eles são normalmente encontrados na região pubiana, mas podem viver em qualquer lugar do corpo que contenha pelos grossos, incluindo barba, sobrancelhas, cílios, peito e axila. Os chatos não voam ou saltam. Eles se movem de um hospedeiro para outro através do contato direto, na maioria das vezes, sexual.

Estimativas indicam que a taxa de prevalência da infestação por piolhos pubianos em adultos seja de 1% a 2%. As taxas podem ser um pouco mais altas em indivíduos mais velhos, especialmente homens.

Ou seja, segundo Cameron Webb, professor clínico e cientista hospitalar da Universidade de Sydney, na Austrália, estatisticamente falando, até 750 mil usuários e usuárias do Tinder, o famoso aplicativo para conhecer paquera, possuem chatos. 

Quais são os riscos para a saúde?

Como esses parasitas se alimentam de sangue humano, eles podem causar irritação na pele, incluindo caroços vermelhos e coceira intensa.

A irritação não é causada pelo movimento deles, e sim, quando os piolhos injetam sua saliva para obter o sangue. Eles alimentam-se algumas vezes por dia, mas felizmente, não estão associados com a transmissão de microrganismos causadores de doenças.

No entanto, há evidências de que o chato possa ser um indicador de outras infecções sexualmente transmissíveis, como a clamídia. É bom lembrar que preservativos não impedem a contaminação de chatos durante o sexo.

Como acabar com o chato?

O tratamento é relativamente simples, geralmente pomadas específicas para parasitas de pele costumam interromper as infestações. Uma solução rápida é raspar os pelos da região afetada para que o chato desapareça.

Alguns cientistas acreditam na hipótese de que nossas tendências depilatórias farão os chatos desaparecerem totalmente, um dia. Tais afirmações não possuem comprovação científica. Além disso, manter a região pubiana com pelos tem função biológica no corpo, o que vai além da estética.

Pode ser verdade que um dia a depilação completa impeça a procriação dos chatos, mas ter uma vida sexual ativa já coloca as pessoas no grupo de risco novamente.

Os chatos podem continuar conosco por muito tempo, afinal, já nos acompanham há milhares de anos e parece que permanecerão por muitos outros milhares.

Fonte(s): Science Alert Imagens: Reprodução / Redes Sociais

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