Tara Gratton, 37 anos, de Stakeford, Inglaterra, sofre de uma condição rara chamada Síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH), o que fez com que nascesse sem vagina e ovários subdesenvolvidos.
Apesar de seus órgãos genitais parecerem normais no exterior, ela acabou descobrindo, com apenas 14 anos, que tinha uma das formas mais graves da síndrome.
Tara nasceu sem um canal vaginal, útero e trompas de falópio, além de ter apenas um rim. Assim, enquanto criança, passou por uma cirurgia para construir um canal vaginal a partir de seu intestino, um procedimento conhecido como vaginoplastia de íleo.
Agora, ela está na lista de espera para receber um útero, na esperança de que, junto com namorado, Stuart Pretswell, de 34 anos, consiga ter filhos e começar uma família.
Os pais de Tara começaram a ter ciência do problema enquanto ela ainda era criança, de modo que persistentemente a levavam no hospital para tratar infecções do trato urinário.
Isso porque, pessoas com a Síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser têm apenas um rim e são mais propensas a desenvolver infecções urinárias, de acordo com a Organização Nacional de Doenças Raras, do Reino Unido.
No entanto, foi somente com 14 anos que os médicos descobriram a fonte de seu problema – antes nenhum médico havia feito o diagnóstico. Neste ponto, ela tomou a difícil decisão de aceitar a cirurgia.
“Eu tinha um túnel vaginal construído a partir do meu intestino, pois apenas parte da minha vagina havia se formado adequadamente”, disse ela. “Minha cirurgia foi arriscada, pois envolvia usar dois centímetros do meu intestino para criar uma nova abertura no túnel. Eu era muito jovem, mas naturalmente estava envergonhada com a minha condição naquela época, já que era tão rara”.
Após a cirurgia, Gratton precisou suportar uma terapia de dilatação, que envolvia a inserção de um dispositivo médico em forma de cilindro dentro da vagina para expandi-la e tornar seu tecido mais elástico.
Embora em sua adolescência tivesse sido informada pelos médicos de que não tinha ovários, com o passar dos anos eles descobriram estar errados.
“Eu tinha ovários, o que significava que era possível ter filhos – mas eu teria que passar por fertilização in vitro e rotas alternativas”, disse. Quando conheceu seu namorado Pretswell, foi honesta sobre sua condição, e ele ajudou no processo de encontrar meios para que pudessem construir uma família.
“Eu não tenho um útero, então a próxima cirurgia que eu preciso é um transplante de útero”, disse ela.
De fato, Gratton está em uma longa lista de espera para o procedimento, embora esteja considerando outras opções, como barriga de aluguel. Ela divulgou sua história para aumentar a conscientização das pessoas sobre a síndrome, tentando trazer alívio para outras portadoras.
O que é a síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser?
É uma anomalia congênita caracterizada pela ausência da vagina, útero e colo do útero. Estima-se que afete 1 em 5.000 nascimentos do sexo feminino, de acordo com um artigo de 1985 no Journal of Reproductive Medicine.
As mulheres que sofrem da condição normalmente possuem ovários funcionais e, portanto, experimentam alguns sinais da puberdade – embora não tenham menstruações ou capacidade de conceber um filho. Externamente, a genitália é completamente normal, e a síndrome geralmente não é descoberta até que as mulheres estejam na adolescência.
Muitas mulheres são capazes de criar um canal vaginal usando o tratamento de dilatação, que usa objetos médicos cilíndricos de diferentes tamanhos para alongar os músculos da região. No entanto, se isso não der certo, uma cirurgia pode ser feita para alongar o canal vaginal.
Após o tratamento, as mulheres são capazes de ter relações sexuais e podem ter seus óvulos removidos e fertilizados para serem usados em barrigas solidárias.
No entanto, aquelas que nascem sem ovários e consequentemente não produzem óvulos, nunca poderão ter filhos biológicos – apesar de poderem passar pela cirurgia de transplante de útero.
Fonte: Daily Mail Foto de Capa: Montagem Jornal Ciência / Fotos via Daily Mail