Elizabeth Báthory, conhecida como a Condessa de Sangue, foi uma mulher húngara que viveu durante o século 16, pertencente a nobre, famosa e poderosa família Báthory.
Sendo considerada uma das maiores assassinas em série da história, sua crueldade e sadismo a tornam uma das figuras mais obscuras e intrigantes da Europa medieval até os dias atuais.
Infância e juventude
Elizabeth nasceu em 7 de agosto de 1560, em Nyírbátor, pequena cidade da Hungria. Filha de George Báthory e Anna Báthory. Era prima de István Báthory, que se tornou rei da Polônia e da Lituânia.
Desde muito jovem, mostrou um comportamento agressivo e violento, algo incomum para mulheres à época, o que muitos historiadores apontam para um possível problema de saúde mental e diversos distúrbios.
Trancada no castelo de Ecsed (hoje em ruínas), acredita-se que por ter sido gerada em uma família onde casos de consanguinidade eram comuns, além de ter sido criada quase que isolada, impactou fortemente sua saúde mental, levando à formação de vários distúrbios psicológicos.
Aos 15 anos, se casou forçada com o primo Ferenc Nádasdy, nobre húngaro de 26 anos, conhecido por suas formas implacáveis e violentas nos campos militares de batalhas. O casal teve 4 filhos: Ana, Orsolya, Katalin e Miklós.
Mesmo passando longos períodos distantes, o casal trocava cartas com conteúdos aterrorizantes. Costumavam falar sobre qual a melhor forma de castigar, punir e torturar os empregados.
Para eles, agressões e torturas, como agulhas inseridas embaixo das unhas, eram atos comuns do cotidiano aos criados que não obedeciam com perfeição.
Durante esse período, a Condessa de Sangue teve um envolvimento amoroso com um jovem camponês, que culminou na morte do rapaz. Elizabeth ordenou que a pele do jovem fosse retirada e usada como corpete — um acessório do vestuário feminino.
Motivação para os crimes
De acordo com vários pesquisadores, Elizabeth Báthory era obcecada em se manter jovem, a qualquer custo e buscava maneiras para combater o inevitável: a velhice.
Para saciar seu desejo de juventude, estima-se que mais de 650 pessoas (mulheres, em sua maioria) foram mortas para terem seu sangue retirado. Ela tinha preferência por adolescentes virgens.
Na era medieval, a expectativa de vida era muito baixa, mas a condessa, já com 40 anos, só aumentava seu sadismo e sentia prazer em causar dor e matar lentamente.
A casa do terror
Com a morte do marido, em 1604, Elizabeth se tornou a dona da propriedade onde vivia o casal, o Castelo de Csejthe — localizado no Reino da Hungria à época e, atualmente, faz parte da Eslováquia. Neste momento, ela tinha 44 anos.
Foi nessa época que seus crimes começaram a ser mais frequentes e violentos. Ela contava com a ajuda de seus empregados para raptar jovens camponesas, que eram mantidas em cativeiro no castelo.

Aprisionadas, sofriam torturas brutais, o que causava grande prazer na condessa. Em geral, costumava-se cortar os dedos ou cravar punhais em determinadas partes do corpo visando seu maior objetivo: sangue.
Quanto mais a vítima tentava fugir, escapar ou resistir à morte, mais Elizabeth Báthory se divertia com o espetáculo macabro. Por fim, o sangue colhido era usado em banhos, além de bebê-lo, na busca pela eterna juventude.
O período de maior atividade da Condessa de Sangue ocorreu entre 1602 e 1604. Documentos históricos mostram que mais de 650 mulheres foram mortas em sua propriedade, mas alguns pesquisadores acreditam ter sido um número ainda maior.
O modo de assassinato variava, e incluía queimaduras, perfurações diversas, mordidas em partes íntimas, espancamentos e outras atrocidades.
Elizabeth não bebia somente o sangue, mas também comia a carne de suas vítimas e, às vezes, obrigava que seus empregados também comessem e bebessem.
Por que ninguém fez nada?
Antes de falecer, seu marido Ferenc Nádasdy sabia de todas as suas atrocidades e a estimulava. Incialmente, as vítimas eram sempre camponesas ou empregadas.
Em uma época em que existia zero noção social sobre igualdade e respeito aos direitos humanos, Elizabeth sempre se manteve impune.
Mesmo quando o número de vítimas crescia de modo impressionante, o próprio sistema Feudal que imperava na Hungria, impedia que qualquer punição fosse aplicada.
À época, todo o território era controlado por Rodolfo II, (Arquiduque da Áustria, Imperador Romano-Germânico e Rei da Hungria). Apenas o rei poderia impedir a condessa, mas ele não se importava com as atitudes de nenhum membro da nobreza, que eram livres para fazerem o que quisessem.
O fim da Condessa de Sangue
As acusações de assassinato contra Elizabeth Báthory só vieram a público em 1610, quando uma queixa foi registrada formalmente contra ela. O palácio real da Hungria designou duas notáveis autoridades para investigar os crimes.
Mas, isso só aconteceu porque Matias II, rei católico da Hungria, irmão do rei Rodolfo II (que faleceu em 1612), recebeu maior controle sobre as regiões do império, mesmo antes de se tornar oficialmente rei da Hungria, Croácia e Boêmia, de 1612 a 1619.

Matias II determinou que seu “braço direito”, Jorge Thurzó, fosse até o Castelo de Csejthe para prendê-la. Nas investigações, foram encontrados, dentro do castelo, corpos e partes mutiladas de mulheres, alguns cadáveres sem pele, outros com marcas de torturas.
A condessa e seus servos foram presos e julgados pela corte real da Hungria. Todos os cúmplices que ajudaram a condessa, foram condenados à morte, queimados em fogueiras.
Devido a sua nobreza, apenas Elizabeth não foi condenada à pena capital (sentença de morte), mas sim à prisão perpétua em um quarto de seu próprio castelo.
Ela negou até o fim de sua vida as acusações e a defesa alegava que o rei Matias II queria prendê-la apenas para ficar com suas terras.
Mesmo ocorrido há mais de 4 séculos, seus atos são tão terríveis que ainda chocam o mundo sobre os horrores que um ser humano pode cometer.
Ela entrou para o livro dos recordes mundiais (Guinness World Records) como a maior assassina de todos os tempos do ocidente. Elizabeth Báthory morreu em 21 de agosto de 1614, com a idade de 54 anos.
Tudo foi uma conspiração?
Historiadores dizem que, o fato de Elizabeth ter ficado viúva, sendo extremamente rica, viver sozinha e ser protestante em um país católico, pode ter sido o verdadeiro motivo de sua condenação, já que Matias II tinha grande ambição e queria aumentar seu poder e riqueza.
Talvez, em uma situação em que seu marido estivesse vivo ou ela fosse católica, faz com que alguns pesquisadores questionem se ela teria recebido algum tipo de pena ou condenação.
Alguns autores chegam a citar que os crimes tiveram provas rasas. A Dra. Irma Szádeczky-Kardoss, especialista em história jurídica (falecida em 2018), chegou a citar que, naquela época, a mulher jamais poderia ter nenhum tipo de poder.
Segundo a Dra. Szádeczky-Kardoss, a mulher não podia ter controle sobre riqueza ou ser influente. Ela afirma que Elizabeth Báthory foi vítima de uma armação política, com corpos forjados pelo braço direito do rei Matias II, além do fato de ter sua sexualidade explícita, tendo muitos amantes, dentro e fora do casamento, além de ser bissexual.
Fonte(s): Observador / Guinness Imagem de Capa: Reprodução / Wikimedia Commons Foto(s): Reprodução / Wikimedia Commons