Da cadeira de rodas para a dança de salão: a perseverança de uma adolescente

de Rafael Fernandes 0

Uma adolescente temia que a coluna curvada acabaria com sua carreira de dançarina, colocando-a em uma cadeira de rodas. Entretanto, os exercícios ajudaram-na a voltar para a pista de dança.

Quando criança, Amy Hossain impressionou multidões em competições de dança de salão pela Europa. Mas, cerca de três anos atrás, ela começou a sentir fortes dores nas costas, ao ponto de que subir as escadas tornou-se difícil e manter o equilíbrio passou a ser uma luta. Seguindo o conselho de um professor de dança, Hossain falou com um especialista do hospital que confirmou a escoliose, uma torção debilitante que curva da coluna vertebral.

A devastadora notícia, inicialmente significava que ela teria de se submeter a uma exaustiva operação de nove horas para endireitar suas costas usando hastes de metal e, em seguida, usar uma cinta para mantê-la em linha reta. O procedimento corrigiria sua espinha, todavia, ela nunca mais seria capaz de dançar.

Com sua carreira por um fio, Hossain continuou perseverante, enquanto seus pais, Ayrton e Tara, procuravam um tratamento alternativo. Mas sua condição continuou a piorar, deixando a espinha em uma curva de um ângulo de quase 40 graus, fazendo-a pensar que logo precisaria de uma cadeira de rodas.

Porém, depois de visitar uma clínica especializada em Londres, ela apostou em um tratamento à base de exercício. A clínica Scoliosis SOS, fundada pela veterana em escoliose, Erika Maude, oferece uma série de exercícios especializados sob medida para que a recuperação do indivíduo permaneça em progresso.

Ele afirma que os exercícios vão reduzir ou eliminar qualquer dor que os pacientes sintam e também reverter as alterações feitas em suas costas por causa de sua curvatura. Depois de dois cursos, de duração de quinze dias cada, Hossain diz que a coluna se endireitou visivelmente, permitindo-lhe competir em campeonatos de dança novamente.

Em dezembro de 2015, apenas alguns meses depois do ocorrido, a Hossain e seu parceiro de dança terminaram na 16ª posição no campeonato mundial de dança de salão, em Paris. Ela ainda está em tratamento e terá de fazer os exercícios antes, mas é muito bom ela ter conseguido evitar uma cirurgia tão complexa.

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A jovem dançarina, disse: “Antes do tratamento eu não era capaz de fazer tudo o que eu queria fazer nos ensaios de danças de salão. Eu tinha muita dor durante as danças e perdia o equilíbrio muito facilmente. Antes do diagnóstico, meus treinadores não conseguiam entender porque eu não podia fazer simples giros ou ficar parada, sem perder o equilíbrio”. Ela acrescentou: “Toda vez que eu ia à consulta, era-me dito que a única opção era a cirurgia e que isto provavelmente me impediria de dançar. Eu já usava uma cinta e não queria adicionar uma cirurgia”.

Hossain, que se apresenta regularmente dançando dança latina a nível internacional por toda a Europa, agora melhorou sua postura e quase reduziu a dor completamente. Seu pai, de 57 anos, explicou à família inicialmente que a moça estava lutando com as crescentes dores, até que foi constatada a extensão da doença. “Começamos a fazer algumas pesquisas e tornou-se muito assustador”, disse ele. “Você percebe que, se a coluna não for tratada, a condição se torna debilitante. Nós tivemos uma menina consciente sobre sua aparência e com a ambição de ser campeã do mundo, e nós pensamos que tudo estaria perdido. Ela agora está mantendo sua postura correta e como resultado está crescendo muito. Ela terá de continuar a fazer estes exercícios para sempre, mas isso é uma maneira muito melhor do que inserirem placas em suas costas. Eu me sinto bobo agora, por ter pensado que ela era apenas uma criança com má postura. Eu costumava dizer a ela para ficar reta, mas agora eu percebi que era muito mais do que isso”.

Comentando sobre o tratamento, um porta-voz da Scoliosis Association da Grã-Bretanha disse: “Em relação ao tratamento de escoliose, sempre recomendamos que os pacientes sigam o conselho de um profissional especialista do assunto. A evidência científica de que exercício intenso ‘cura’ a escoliose é escassa e pouco confiável”.

Em suaves curvaturas, o exercício intenso pode melhorar a postura, a força muscular, flexibilidade, e aparência, fazendo, assim, a coluna vertebral fornecer mais suporte. Entretanto, não há evidência de que a longo prazo, possa impedir a progressão da doença.

É importante lembrar que a escoliose é diferente em cada indivíduo e alguns podem ter curvaturas muito suaves que não vão progredir. Essas pessoas, portanto, se beneficiam de tratamentos que melhoram a aparência, em grande parte, devido aos benefícios psicológicos positivos. Especialistas realizam a cirurgia apenas se ela for essencial para a saúde a longo prazo do indivíduo. Como a maior parte da coluna vertebral está fundida, dependerá da posição e da gravidade da curva, além do grande cuidado tomado para minimizar o efeito na medula flexível.

Os perigos da cirurgia não costumam ser exagerados. As complicações graves são muito raras. “Ficar em forma e ativo, mantendo os músculos do núcleo fortes é altamente desejável para todos, e especialmente para as pessoas com doenças da coluna vertebral, no entanto, um programa de exercícios específico ao longo da vida é um compromisso enorme, sem garantia de sucesso a longo prazo”.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ]

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