Pela possibilidade de se tornarem famosos nas redes sociais, jovens russos estão arriscando a vida por selfies perigosas, de acordo com informações de uma reportagem publicada pela BBC.

No entanto, o número de mortos e feridos associados à situação chamou a atenção do Ministério do Interior do País, que lançou uma campanha, chamada “selfie segura”, para ajudar a combater o problema. 

Em muitos lugares na Rússia há prédios altos e de fácil acesso, estes são os preferidos dos jovens “roofers” que se arriscam fazendo acrobacias para conseguirem mais “likes” em suas fotos.

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“Lá em cima você sente que está na linha entre a vida e a morte – sua vida está pendurada por um fio -, que se algo der errado você pode morrer”, disse Alexander Chernikov, um jovem de 23 anos de Barnaul que afirmou também não ter medo da morte.

“Qual a razão para se assustar? [a morte] é inescapável. Ela vem para todos nós”. Quando questionado sobre se arriscaria a vida se não houvesse câmeras para registrar o ato, ele admitiu que “provavelmente não”. “Eu iria encontrar uma maneira diferente de levar a vida”, acrescentou.

Uma foto em questão, na qual aparece saltando um edifício da era soviética, sob uma temperatura de -18°C e uma espessa camada de gelo, foi vista mais 10 milhões de vezes na internet. Logo, ele foi convidado para aparecer em um programa de TV de Moscou.

Como sonha em ser ator, acreditou no apresentador quando este lhe prometeu um teste. No entanto, quando apareceu no show, foi maltratado pelo homem. 

“E se ele saltar de novo e se machucar?”, disse o ator durante o programa. “Eu não quero que ele seja tratado no hospital com meus impostos. Não quero pagar por esse idiota”.

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Outro jovem, chamado Pavel Kashin, um dos mais conhecidos praticantes de parkour de São Petersburgo, também era adepto de selfies arriscadas.

Certo dia, enquanto se mantinha em pé sobre o topo de um bloco de apartamentos, onde tentaria um salto mortal, acabou perdendo o equilíbrio e caindo de uma altura de 16 andares. 

De acordo com os amigos da vítima, Vladimir Lapik e Sasha Bitkov, tal manobra era algo que ele já havia feito dezenas de vezes, e por isso sua morte poderia ser considerada algo inexplicável. “Talvez ele, por algum motivo, estivesse distraído”.

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Um terceiro jovem, Kirill Vselensky, um ucraniano de 24 anos, é um dos mais famosos roofers de Moscou. Ele já escalou quase todos os edifícios da cidade, exceto o Kremlin e o Ministério das Relações Exteriores. 

Ele contou que as punições impostas pelas autoridades para as pessoas que se arriscam nas alturas são suaves, passives de pequenas multas– algo que é diferente para quem é pego pulando de cima de trens. 

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Em uma ocasião, ao tentar escalar a pirâmide de Gizé, no Egito, ele quase foi linchado no local e teve que pagar para conseguir escapar ileso.

Em outra, que ocorreu em 2014, ficou preso por 17 meses após escalar e derramar tinta azul e amarela (cores da bandeira da Ucrânia) em um edifício histórico da Rússia.

Já o último caso traz Angela Nikolau, uma jovem de 24 anos e filha de um dos trapezistas mais famosos de Moscou, é um pouco mais diferente. Com mais de 400 mil seguidores no Instagram, suas perigosas selfies são patrocinadas por empresas de viagens, moda e câmeras fotográficas. 

Convidada do mesmo programa que Alexander Chernikov, onde falaria sobre suas acrobacias, ao contrário do rapaz, ela foi bem recebida pelo apresentador e até recebeu um buquê de rosas na ocasião. 

Entre as fotos mais impressionantes da jovem no Instagram há as que se arrisca em pose de ioga ou balé em parapeitos estreitos e topo de altíssimas torres.

“Às vezes eu simplesmente subo em um edifício sem câmera só para ver um nascer ou pôr do sol colorido”, disse ela.

“Mas se você me pergunta por que filmo a mim mesma, imagine um artista pintando sozinho em seu estúdio – pintando, pintando e pintando por cinco anos, até que esteja praticamente afogado em seu próprio trabalho. E ele pensa: ‘para quem estou fazendo isso? Há algum sentido no meu trabalho?’ Precisamos de público – algoque é apenas parte da condição humana”.

Fonte: BBC Fotos: Reprodução / BBC

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