Pesquisadores da Instituto de Astronomia do Hawaii (IfA), do Brasil e da Universidade de Stanford recentemente sugeriram que a camada superior do Sol está diminuindo, e que a Teoria da Relatividade Especial de Einstein, proposta originalmente em 1905, poderia ser a verdadeira culpada.
Basicamente, a luz gerada pelo Sol tem um efeito de travagem, ou frenagem, em suas próprias camadas de superfície, de acordo com informações da Seeker.
Embora o Sol seja nossa estrela mais próxima, ele ainda esconde muitos segredos. Por exemplo, há 20 anos, astrônomos solares perceberam que sua camada superior mais lentamente do que o resto de seu interior. Também, é bem conhecido que o Sol gira mais rápido em seu equador do que entre os polos, em um fenômeno conhecido como “rotação diferencial” – que impulsiona o ciclo solar de 11 anos. No entanto, o fato de a estrela possuir uma camada superior mais lenta (como se houvesse algum tipo de força tentando mantê-la no lugar enquanto as outras se movimentam normalmente) ainda é um mistério a ser desvendado. Mas isso pode ser resolvido em breve, uma vez que os pesquisadores podem ter tropeçado na solução.
“O sol não vai parar de girar em breve, mas descobrimos que a mesma radiação solar que aquece a Terra está ‘travando’ ele por causa da Relatividade Especial de Einstein, fazendo com que gradualmente diminua sua velocidade, começando por sua superfície”, explicou Jeff Kuhn, da IfA.
A Relatividade Especial diz que os fótons que carregam uma forma eletromagnética (luz), carregam também uma quantidade minúscula de impulso. Logo, se tivermos fótons o suficiente viajando para longe de um objeto, eles levarão consigo uma grande quantidade desse impulso. Considerando a vida de 5 bilhões de anos do Sol, podemos concluir que sua superfície perdeu muito impulso, o que causou uma desaceleração de 5%. Tal mecanismo, conhecido como Efeito Poynting-Robertson, também já foi observado na poeira interplanetária, que ao sentir o arrasto da radiação solar, acaba caindo do cinturão de asteroides diretamente para dentro do Sistema Solar.
O que afeta essa poeira também afeta a sopa de gás superaquecido existente nas camadas superiores do Sol. Logo, ao longo de toda a vida da estrela, esse arrasto causado pelos fótons emitidos criou um efeito imensurável e, até então, misterioso. A equipe de astrônomos então utilizou dados de vários anos do Solar Dynamics Observatory (SDO), da NASA, e conseguiu medir com precisão as ondas que viajam pelo Sol e o tamanho da camada que está experimentando tal desaceleração. A técnica utilizada, chamada de heliosismologia, é muito semelhante à medição de força de ondas sísmicas em um terremoto.
Embora o Sol não tenha um corpo sólido, feito de rocha e metal, seu denso interior feito de plasma também permite que as ondas viajem criando oscilações que podem ser medidas. Dessa forma, a heliosismologia permite que os astrônomos vejam detalhes do seu interior que não são tão óbvios quando vistos superficialmente.
A partir dessa constatação, os astrônomos acreditam que um efeito semelhante provavelmente estaria ocorrendo em todas as estrelas, o que poderia ter uma forte influência sobre a evolução estelar. O objetivo agora é entender como essa desaceleração afeta o campo magnético do Sol que se estende por todo o Sistema Solar. Considerando que este campo é o responsável pelas interferências em sistemas de comunicação na Terra, a investigação poderia ter um papel fundamental na compreensão dos impactos solares no nosso Planeta. As descobertas da equipe foram aceitas para publicação na revista Physical Review Letters.
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