O lugar mais elétrico do mundo: lago venezuelano é atingido por milhares de relâmpagos diariamente

de Redação Jornal Ciência 0

Uma “eterna” tempestade elétrica, na Venezuela, tem cativado os turistas e moradores locais há gerações.

No local onde o Rio Catatumbo encontra o Lago Maracaibo, 260 dias de tempestade fazem com que cerca de 28 relâmpagos acertem o lago, por minuto, todos os anos. O fenômeno atmosférico único gera 1,2 milhões de raios por ano e é visível a até 400 quilômetros de distância.

Existem várias teorias para explicar as tempestades contínuas, incluindo os ventos fortes que percorrem o lago formando nuvens ao atingir as montanhas andinas e os pântanos que liberam gás metano. A topografia da área é única. A Bacia do Lago Maracaibo é cercada por montanhas que armazenam ventos quentes que saem do Caribe. Esses ventos colidem com o ar fresco dos Andes. Os cientistas acreditam que essa condensação em nuvens carregadas cria uma média de 28 relâmpagos por minuto através de uma vasta área, em uma explosão que poderia fornecer energia para todas as lâmpadas da América Latina.

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Muitos pontos de relâmpago estão ligados a características no terreno, como a cadeia de montanhas, a costa curvada e combinações de ventos”, disse Daniel Cecil, da equipe de raios do Global Hydrology and Climate Centre’s. “Tais irregularidades no terreno podem ajudar a gerar padrões de vento, de aquecimento ou de arrefecimento, que aumentam a probabilidade de trovoadas”.

As tempestades se tornaram motivo de orgulho para o povo da Venezuela, tanto que o estado de Zulia, onde fica o Lago Maracaibo, tem um relâmpago na bandeira e cita o fenômeno em seu hino. A tempestade também atua como um farol natural para os pescadores locais, que são capazes de navegar à noite sem qualquer problema.

O fenômeno já chegou a ser interrompido duas vezes, por algumas semanas. A última foi em 2010, preocupando os moradores. Era o resultado de uma seca extrema, que levou à escassez de eletricidade em um país que depende fortemente de energia hidrelétrica. Mas, depois de cinco semanas de silêncio, os relâmpagos recomeçaram. A outra ocasião foi em 1906, depois de um grande terremoto na costa da Colômbia e do Equador causar um tsunami.

Os relâmpagos do Catatumbo entraram para o Guinness World Records, destronando a cidade congolesa de Kifuka como o lugar com mais incidência anual de raios do mundo por quilômetro quadrado. Alguns cientistas consideram que a “tempestade eterna” possa ser o maior gerador de ozônio troposférico no planeta.

Nas fotos, os relâmpagos iluminam o céu em uma combinação de branco, vermelhos e roxo. A diferença nas cores da ocorrência de trovoadas é causada, em parte, pelos diferentes tipos de átomos no ar. No ar seco, parece branco, pois há poucos raios visíveis à luz. Mas, se o vapor de água está presente, átomos de hidrogênio criam uma forte linha vermelha. À noite, isso pode parecer roxo.

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Os livros de História mostram que o relâmpago tem desempenhado um papel significativo na história da Venezuela, pois ajudaram a impedir, pelo menos, duas invasões noturnas ao país.

A primeira tentativa foi em 1595, quando navios liderados por Sir. Francis Drake, da Inglaterra, foram iluminados pela tempestade, revelando o seu ataque surpresa aos soldados espanhóis, em Maracaibo. A outra foi durante a Guerra da Independência da Venezuela, em 1823, quando ele traiu a frota espanhola tentando esgueirar-se em terra.

[ Fonte: Daily Mail ]

[ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]

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