Tráfico humano: 20 milhões de pessoas são vendidas por ano em pleno século XXI

de Otto Valverde 0

O tráfico humano é uma preocupação global antiga, especialmente na época da escravatura. Essa prática abominável de vender pessoas conseguiu resistir aos dias atuais e, talvez, seja a forma moderna de escravidão mais eficaz, já que ocorre de modo velada, onde milhões de pessoas ao redor do mundo não acreditam que possa existir tal comércio em um mundo globalizado e moderno. 

É um comércio de seres humanos e de vidas. Devido ao número crescente da população, somada à desenfreada globalização, as pessoas mais vulneráveis ​​são facilmente aprisionadas e comercializadas, quase sempre com promessas de melhoria de vida ou empregos em cargos internacionais. 

trafico-humano_1

Esta é uma das maiores indústrias ilegais em crescimento no mundo, perdendo somente para o comércio de drogas. 

Estima-se que o comércio de seres humanos fature US$ 32 bilhões de dólares e 20,9 milhões de pessoas sejam raptadas anualmente, sendo que 55% deste total são mulheres ou meninas.

Geralmente as mulheres traficadas são forçadas a trabalhar na prostituição e estima-se que alguns “cafetões ou donos” consigam lucros de aproximadamente US$ 250 milhões de dólares por ano. 

Além da prostituição, muitas pessoas são raptadas para terem seus órgãos vendidos no mercado negro, pois a demanda por doadores de órgãos é cada vez maior. Em vários países é possível encomendar um rim e obtê-lo mediante pagamento adiantado – em uma máfia global que envolve até profissionais da saúde. 

trafico-humano_2

Órgãos como o rim e o fígado são roubados dos corpos das vítimas raptadas que, na maioria dos casos, não sobrevivem após esse processo. 

Em muitos casos, as vítimas de tráfico humano são refugiadas, pois carecem de estabilidade, segurança e identidade, o que as deixam ainda mais vulneráveis.

A história da humanidade conta que os africanos foram subjugados como escravos até a revolta contra o Apartheid. Porém, em alguns países da África como o Sudão, muitas crianças se tornam órfãs pela morte dos pais que lutaram em conflitos ou enfrentaram doenças bacterianas ou virais, deixando-as vulneráveis, sendo facilmente capturadas.

trafico-humano_3

Os traficantes fazem ofertas ilusórias de emprego em países mais desenvolvidos e depois exploram monetariamente e fisicamente cada uma de suas vítimas – independente da idade. Mulheres e meninas traficadas são obrigadas a se prostituir, são estupradas, espancadas, passam fome e são torturadas.

Muitas vezes, elas perdem a vontade de viver e, em muitos casos, cometem suicídio. Essas mulheres também ficam vulneráveis a contrair HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis e isso aumenta o sofrimento físico e mental – já que muitos clientes pagam mais caro para terem relações íntimas sem preservativo. 

Já as pessoas capturadas que têm seus órgãos roubados raramente possuem atendimento médico e costumam contrair infecções devido a procedimentos inadequados. Muitas vezes, morrem após a cirurgia.

trafico-humano_4

Aqueles que sobrevivem não conseguem voltar a uma vida normal. Geralmente, os traficantes são pessoas que não parecem suspeitas e podem estar em qualquer lugar, com comportamento amigável e gentil. Em suma, o tráfico de seres humanos está desenvolvendo uma sociedade mais desequilibrada e distorcida do que nunca. 

Como a polícia pode identificar?

As vítimas são detectadas geralmente nos aeroportos, onde são transportadas para outros países sem nem serem informadas sobre o propósito de sua viagem. 

As autoridades questionam essas pessoas sobre suas vidas. Se suas respostas parecerem ensaiadas, provavelmente elas estão sendo coagidas. A condição de vida pode ser outro indicador importante: as vítimas não possuem liberdade de falar com um indivíduo sozinhas e mostram sinais de agressões físicas.

Na maioria dos casos, elas são submissas ou temerosas e geralmente estão se prostituindo, e possuem muito medo de pedir socorro, pois os sistema da máfia ameaça a integridade da família que ficou no país de origem, o que torna o crime ainda mais difícil de ser detectado. 

Fonte: Vukuzenzele Foto: Reprodução / vukuzenzele

Jornal Ciência