Será que nossos dias estão ficando cada vez mais curtos?

de Merelyn Cerqueira 0

Já imaginou viver um dia sem relógio? Era exatamente assim que nossos antepassados viveram antes do tempo começar a ser marcado por estas pequenas máquinas.

Logo, cabia ao homem desenvolver formas de demarcar a passagem do tempo com exatidão. Mas, como será que eles determinaram que um dia teria 24 horas? Como dividiram os minutos e segundos e, mais importante do que isso, será que os dias têm ficado cada vez mais curtos?

Em entrevista à BBC, o astrônomo Marek Kukula, do Observatório Real de Greenwich, no Reino Unido, respondeu estas perguntas, que você confere logo abaixo:

Por que os dias possuem 24 horas?

Segundo Kukula, essa ideia remonta o Egito antigo e seu sistema de divisão de períodos de luz do dia e escuridão.

“De noite, eles dividiram o céu em dez seções iguais tendo certas estrelas como referência e ainda com outras duas seções específicas para o poente e o nascente”, explicou o astrônomo. “Durante o dia, eles usavam relógios solares e decidiram dividir o dia também em 12 partes. E, com isso, chegamos ao sistema de 24 horas”.

Como foram divididos os minutos e segundos?

De acordo com o astrônomo, a divisão de horas em 60 minutos e 1 minuto em 60 segundos começou no Oriente Médio, na Babilônia e, anteriormente no Império Sumério.

Aparentemente, essas civilizações gostavam de usar divisões de 60 partes. “Eles achavam que essa era uma boa forma de fracionar as coisas”, disse.

E os dias estão ficando cada vez mais curtos?

Não. Segundo Kukula, a verdade é que é muito difícil determinar exatamente a duração de um dia. Isso porque a órbita da Terra não é perfeitamente circular e, portanto, o Sol não leva o mesmo período de tempo para atingir um mesmo ponto todos os dias. Além disso, a rotação da Terra não é constante, sendo capaz de acelerar ou ficar mais lenta.

“Fenômenos como terremotos mudam o formato da crosta terrestre, e isso pode alterar o ritmo de rotação do planeta”, explicou o astrônomo britânico.

A influência da Lua sobre as marés também é relevante sobre o tempo. Curiosamente, a grande quantidade de água que a gravidade de nosso satélite natural movimenta, afeta diretamente os movimentos do planeta, basicamente funcionando como um “grande freio”.

“O efeito disso em longo prazo é que a rotação da Terra vai desacelerando, e os dias acabam ficando mais longos”, explicou. “Os dinossauros tinham dias mais curtos do que nós, e os dos nossos descendentes serão ainda mais longos”.

Quem decidiu o “sentido horário”?

Basicamente, este movimento em direção à direita foi determinado por razões astronômicas. A tecnologia que permite o funcionamento das engrenagens dos relógios remota à Grécia Antiga.

No entanto, somente na Idade Média que os relógios mecânicos se tornaram populares. Antes disso, segundo o astrônomo, as pessoas utilizavam relógios solares para marcar o tempo.

“Conforme a Terra gira e o Sol produz uma sombra no chão que se movimenta, no hemisfério norte, ela se move da esquerda para a direita, como em um arco”, explicou. “Quando começaram a ser criados relógios com faces circulares, foi possível adotar esse movimento nos dispositivos”.

É possível voar em direção ao oeste e chegar antes da hora de partida?

Curiosamente, não. Segundo o astrônomo, mesmo que consideremos o fuso horário, é impossível chegar a um local antes do horário de partida, isto é, porque todas as viagens levam tempo.

No entanto, ele afirma que é possível “voltar no tempo”, já que vivemos em um planeta esférico com tempo determinado de acordo com a posição do Sol. “O mundo foi dividido em 24 fusos. Então, é possível ir para oeste e entrar em uma zona com outro fuso e, de repente, o horário é adiantado em uma hora”, explicou Kukula.

Porém, esta história fica ainda mais complexa quanto mais próximos estamos do Equador, já que nesta região as zonas de fuso são mais largas. “Você teria de viajar muito rápido, mas, se você for em direção aos polos, as zonas ficam mais estreitas, e, exatamente nos polos, você pode estar em todas as zonas ao mesmo tempo”.

Fonte: BBC Foto: Reprodução / Jornal Ciência

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