Prêmio Nobel de Física é entregue a três britânicos que revelaram segredos da matéria exótica

de Merelyn Cerqueira 0

Três cientistas britânicos dividiram um Nobel de Física por suas pesquisas que revelaram segredos da matéria exótica. David Thouless, Duncan Haldane e Michael Kosterlitz foram laureados em razão de um trabalho que abriu as portas para um misterioso mundo no qual a matéria pode assumir estados incomuns e ainda desconhecidos na natureza.

O trio utilizou uma modelagem matemática avançada para estudar as estranhas “fases” da matéria, tais como supercondutores, superfluidos e filmes finos magnéticos. A pesquisa, considerada pioneira, deu início a uma busca por novos materiais exóticos que podem ter aplicação na produção de eletrônicos, dispositivos magnéticos e computação quântica, segundo informações do jornal inglês Daily Mail.

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Em um comunicado, o comitê do Prêmio Nobel elogiou a façanha dos cientistas, ressaltando a ansiedade por aplicações futuras. “Graças ao trabalho pioneiro, agora estamos em busca de novas e exóticas fases da matéria. Muitas pessoas estão esperançosas pelas futuras aplicações em ciência de materiais e eletrônica”.

Haldane, professor na Universidade de Princeton, disse em entrevista ao jornal que estava muito surpreso e muito satisfeito. “Meu trabalho, quando iniciado no final dos anos 80, parecia muito abstrato”, disse. O trabalho dos três britânicos ajudou a explicar as propriedades e fases estranhas da matéria, especialmente quando a temperatura começa a afetar suas propriedades quânticas – como quando ocorre falta de resistência em um condutor elétrico que foi super-resfriado.

Ao anunciar o prêmio, em Estocolmo, um membro da comissão, Thors Hans Hansson, utilizou um bagel (pão em formato de rosca), prezel e bolinho de canela para explicar os conceitos e topologia da matéria exótica. Ele argumentou que enquanto os três alimentos parecem ser diferentes, com propriedades distintas, tais como doces ou salgados, em termos de topologia poderiam ser classificados apenas pelo número de buracos que têm – nenhum para o bolinho de canela, um para o bagel e dois para o pretzel.

Para explicar a definição “exótico”, Hansson disse não se tratar de um termo científico preciso. “É algo que expressa nosso espanto para algo muito incomum e difícil de entender. O que é exótico agora, pode não ser em 20 ou 30 anos. Eu acho que a eletricidade era muito exótica quando vista pela primeira vez, e não permaneceu assim ao longo do tempo”, disse.

A esperança da pesquisa é que ela leve à descoberta de novos materiais capazes de conduzir não somente eletricidade, mas propriedades quânticas, como o spin (rotação). “Talvez você possa usar essas coisas para codificar informação quântica de uma forma eficiente. Quem sabe, pode haver no futuro um computador quântico para o qual os efeitos topológicos sejam importantes”, disse Hansson.

O anúncio dos vencedores veio como surpresa, pois acreditava-se que a equipe por trás da inovadora descoberta das ondas gravitacionais era a favorita ao prêmio. Ano passado, o Nobel de Física foi dado a Takaaki Kajita, do Japão, e Arthur McDonald, do Canadá, por terem determinado que os neutrinos tinham massa, uma peça chave do quebra-cabeças para entender o cosmos.

O valor da premiação foi fixado ano passado em 8 milhões de coroas suecas (1,260 milhão de dólares). Os vencedores também são angariados com uma medalha de ouro e um diploma.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ] 

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