Será que pacientes realmente poderiam melhorar suas chances de sobrevivência mantendo-se otimistas e felizes? Há quem aceite essa ideia, mas cientificamente falando, algumas questões ainda precisam ser resolvidas: como isso realmente funciona e o que isso significaria para os pacientes que não conseguissem melhorar?

De acordo com professor de psicologia, James Coyne, da Universidade da Pensilvânia, EUA, entre a maioria das pessoas existe uma ideia de que elas possam exercer certo controle sobre uma doença debilitante “com base no caráter”.

Há uma série de estudos realizados que associa o pensamento positivo à saúde. Por exemplo, em 2009, uma equipe de cientistas israelenses sugeriu que mulheres que enfrentaram desafios – como uma morte na família ou divórcio – eram mais propensas aos riscos de câncer de mama do que as que possuíam vidas mais estáveis. O estudo foi publicado pelo periódico BMC Cancer.

De acordo com uma das autoras do estudo em questão, Ronit Peled, da Universidade de Bem Gurion, Israel, foram encontradas evidências que sugeriam a ligação entre o bem-estar emocional e o risco de câncer. De acordo com ela, mulheres consideradas em grupo de risco eram as que passaram por eventos severos e isso mostrava que o os “sentimentos gerais de felicidade e otimismo na vida de alguém podem ter um papel protetor”.

A verdade, de acordo com James e Ronit, é que não há uma resposta clara sobre o pensamento otimista e cura. James é particularmente cético em relação ao poder do pensamento positivo sobre o câncer. “O problema com o câncer é que ele é muito complexo. No momento em que ocorre o diagnóstico é possível que ele tenha se acumulado ali há décadas”, disse.

Porém, para outras doenças, o pesquisador já insinua um cenário mais positivo. De acordo ele, há evidências que comprovam que, em algumas pessoas, o humor possa ajudar a prever se alguém que passou por um ataque cardíaco esteja prestes a ter outro. E isso teria uma explicação biológica.

Os cientistas sabem que o cérebro e o sistema imunológico se comunicam, e que o último teria um papel muito importante na inflamação das artérias – o que resultaria nos ataques. Portanto, é razoável deduzir que os ataques do coração possam estar associados ao que ocorre em nosso cérebro.

Contudo, e indo na contramão dessas afirmações, ele descobriu que ao tentar interceder e tratar quadros de depressão em pacientes que passaram por ataques cardíacos, o humor do paciente até apresentou melhoras, mas os riscos de um segundo ataque se mantiveram iguais.

Outra forma do humor afetar a saúde – em doenças como o câncer, por exemplo – é sobre como ele agirá na vontade do paciente em continuar um tratamento. Logo, uma pessoa depressiva pode não considerar prolongar sua vida em tais condições, diferente do que uma mais positiva faria. O que sugere, mais uma vez, o poder da força do pensamento.

Entretanto, os cientistas concordam que tais afirmações não devem ser usadas para interferir na vida de qualquer paciente ou pressioná-los. Interpretações errôneas também poderiam deixar uma pessoa assustada em relação a seus pensamentos. Além disso, há pesquisas que sugerem que manter-se positivo pode ser tão estressante quanto ficar de mau humor, porque seria incômodo fazê-lo de forma não autêntica durante o tempo todo.

[ Live Science ] [ Foto: Reprodução / Pixabay ]

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