Níveis atuais de CO₂ são os mais altos em 14 milhões de anos, afirma novo estudo na revista Science

Estudo publicado na Science mostra uma realidade climática inédita, com crescente emissão de CO₂ e potencial impacto dramático no clima do planeta.

de Redação Jornal Ciência 0

Níveis atuais de CO₂ são os mais altos em 14 milhões de anos

Um novo estudo, publicado nesta sexta-feira (08/12) na Science, traz um alerta preocupante: a atmosfera da Terra registra atualmente a maior concentração de dióxido de carbono (CO) dos últimos 14 milhões de anos.

Este avanço, impulsionado pela queima intensiva de combustíveis fósseis nas últimas décadas, marca um momento crítico na história climática do planeta.

Com 419 partes por milhão (ppm) de gases de efeito estufa na atmosfera, pesquisadores, incluindo geólogos da Universidade de Utah, nos EUA, analisaram registros geológicos.

Eles concluíram que a atual concentração de CO é a mais elevada observada em muitos milhões de anos, evidenciando um aumento sem precedentes em tempos geológicos recentes.

A pesquisa, uma colaboração internacional de cerca de 90 cientistas de 16 países, reconstruiu os níveis de CO desde a era Cenozoica, que começou há 66 milhões de anos.

O estudo não se limitou ao passado recente, mas também buscou mapear a atmosfera até 540 milhões de anos atrás. Os resultados são claros: a concentração atual de 419 ppm é a mais alta em 14 milhões de anos, indicando um agravamento alarmante e inédito.

O aviso dos cientistas é direto: embora a Terra tenha vivenciado níveis mais altos de CO no passado ainda mais distante, a intervenção humana recente modificou drasticamente a composição atmosférica, gerando impactos significativos nos sistemas climáticos globais.

A compreensão histórica do CO é fundamental para prever com mais exatidão as futuras mudanças climáticas e entender eventos marcantes na história da Terra, como extinções em massa e evoluções durante o Cenozoico.

Futuro em Risco

No início da Revolução Industrial, em meados de 1760, o CO atmosférico era aproximadamente 280 ppm. Projeções atuais indicam que, dependendo das taxas de emissões futuras, as concentrações podem escalar para 600 a 1.000 ppm até 2100.

A incerteza sobre como esses níveis afetarão ainda mais o clima é uma preocupação crescente.

A pesquisa, uma síntese científica de 7 anos de trabalho de um grupo de 90 pesquisadores de diversos países, não apenas agregou novos dados, mas refinou e reavaliou estudos existentes. Esta abordagem meticulosa permitiu a utilização dos melhores dados disponíveis para compor um panorama geral das mudanças climáticas.

O estudo destaca que, embora a humanidade nunca tenha experimentado um clima semelhante ao atual, os efeitos cascata de um aumento contínuo de CO poderiam levar a um aquecimento global ainda maior que o esperado.

Esta realidade ameaça não apenas a saúde do planeta, mas a própria existência da humanidade como a conhecemos hojeBaerbel Hoenisch, pesquisadora da Universidade Columbia e principal autora do estudo, enfatiza a urgência da situação:

“Estamos entrando em um território desconhecido e, a menos que tomemos medidas imediatas para capturar CO da atmosfera e reduzir nossas emissões, enfrentaremos consequências climáticas de longo prazo”, em entrevista à AFP.

A pesquisa, publicada na Science, é um lembrete poderoso da necessidade crítica de ação climática e uma chamada para repensar nossas escolhas e políticas ambientais antes que seja tarde demais. 

Fonte(s): Science / Technology Networks / Columbia Climate School Lamont-Doherty Earth Observatory Imagem de Capa: Reprodução / Pixabay Foto(s): Reprodução / Pixabay

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