Imagine que você é uma pessoa saudável e feliz. Certo dia você acorda e percebe que seus braços, pernas e boca não estão respondendo corretamente.
Em seguida, você repara que não consegue andar, falar ou se mover. E o pior, os médicos não sabem explicar a sua situação. Durante todo esse processo você está consciente.
Difícil imaginar, né? Mas isso foi o que aconteceu com o Sul Africano, Martin Pistorius, que viveu anos tentando corrigir uma rara síndrome.
Como tudo começou
Filho de pais atenciosos, Martin tinha dois irmãos e era uma criança normal. Porém, aos 12 anos, ele entrou em coma pela primeira vez – o que durou três anos.
Ninguém sabia explicar a sua condição, apenas que seu problema poderia afetá-lo para sempre. Aos 16 anos, ele recuperou sua consciência, mas somente aos 19, a atingiu completamente.
Como seu corpo estava parado, ele perdeu a capacidade de se comunicar. Sua cuidadora, Virna van der Walt, reparou que ele utilizava os olhos para responder às suas perguntas.
Sua família decidiu levá-lo na Universidade de Pretória para que os cientistas pudessem realizar variados testes.
O estudo comprovou que Martin estava consciente de tudo que acontecia ao seu redor. Para isso, eles precisaram equipá-lo com algumas ferramentas que o ajudavam a se comunicar de maneira mais eficaz.
Seus pais compraram um computador de fala e ele começou a recuperar algumas funções do corpo. Isso o possibilitou de se formar na escola, conhecer sua esposa Joanna e se mudar para o Reino Unido.
Apesar da pior fase já ter passado, ele ainda se lembra dos momentos difíceis do seu passado, como por exemplo, quando sua mãe desejava que ele morresse, já que ela não sabia que ele estava mentalmente presente. Conhecida como síndrome do encarceramento ou de locked-in, a doença ainda é um mistério.
Segundo os especialistas, ela se inicia após um acidente vascular cerebral que danifica parte do tronco cerebral, deixando paralisados o corpo e a maioria dos músculos faciais.
Atualmente Martin vive em uma cadeira de rodas e fala com a ajuda do vocoder em seu computador.
“Por muitos anos, eu era como um fantasma”, disse ele em uma entrevista. “Eu podia ouvir e ver tudo o que faziam ao meu redor, mas era como se eu não estivesse lá. Como se fosse invisível.”
Embora ainda tenha dificuldades, ele conseguiu controlar a sua vida novamente. “Foi aterrorizante, às vezes”, lembrou.
“O que realmente me incomodava era a impotência completa e absoluta. Cada aspecto de sua vida era controlado e determinado por outra pessoa. Eles decidiam onde você deveria estar, o que você comeria e se você deveria se sentar ou deitar”.
Martin também escreveu um livro, “Ghost Boy”, em que conta sua experiência. Além disso, ele foi homenageado pelo Presidente Sul Africano, Thabo Mbeki. Mesmo morando no Reino Unido, ele tem laços importantes com o lugar em que nasceu.
Fonte: Lifebuzz Fotos: Reprodução / Lifebuzz