Escritórios com pouca ventilação prejudicam o desempenho cognitivo, diz pesquisa

de Bruno Rizzato 0

Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos EUA, descobriram que as pessoas que trabalham em espaços de escritórios bem ventilados, com níveis abaixo da média de poluentes interiores e dióxido de carbono (CO2), demonstram funcionamento cognitivo muito melhor do que os trabalhadores em escritórios com níveis típicos de poluentes e de CO2, com pouca ventilação.

“Gastamos 90% do nosso tempo dentro de ambientes fechados e 90% do custo de um edifício são com os ocupantes, contudo, a qualidade ambiental interna e seu impacto na saúde e produtividade são, frequentemente, reflexões tardias”, disse Joseph Allen, professor assistente de ciência da avaliação da exposição do Harvard Centre for Health and the Global Environment. “Estes resultados sugerem que mesmo pequenas melhorias para a qualidade do ambiente interior podem ter um profundo impacto sobre o desempenho de tomada de decisão dos trabalhadores”.

De acordo com os pesquisadores, desde que os edifícios de escritórios dos anos 1980 se tornaram cada vez mais eficientes em termos de energia, eles se tornaram mais herméticos e separados do ambiente exterior, aumentando os riscos de má qualidade do ar interior. Novos edifícios “verdes” são projetados para que forneçam tanto eficiência energética, quanto boa qualidade do ar interior. Mas eles são realmente eficazes?

Para descobrir isso, os pesquisadores mediram o desempenho de 24 participantes profissionais – entre arquitetos, designers, programadores, engenheiros e gerentes – em um ambiente de escritório controlado por seis dias de trabalho, com a área de trabalho especialmente projetada para realizar testes da qualidade do ar interior.

Enquanto eles estavam engajados em seu trabalho regular, os participantes foram expostos a uma variação da qualidade do ar interior em dias diferentes, como condições de funcionamento normal com concentrações relativamente elevadas de compostos orgânicos voláteis (COVs), sendo emitidos a partir de materiais comuns; condições verdes com baixas concentrações de COV; e as condições verdes com melhor ventilação (chamadas de “+ verde”). Eles também expuseram os participantes a elevados níveis de CO2 em todas as qualidades de ar. Os trabalhadores foram testados, no final de cada dia, através de testes de desempenho cognitivo.

Os resultados, publicados na Environmental Health Perspectives, mostram que as condições do escritório “+ verde” dobraram o desempenho dos trabalhadores, quando comparados com os trabalhadores em ambientes convencionais. As condições mais verdes ajudaram a levar a uma pontuação de 61% superior em relação às demais, e, em geral, as pontuações cognitivas diminuíram com o aumento dos níveis de CO2.

Infelizmente, com escritórios climatizados modernos, as chances de que uma janela possa ser aberta são mínimas, mas pelo menos a exposição à luz durante o dia pode fazer bem.

Fonte: Harvard Foto: Reprodução / Ian Collins / Flickr

Jornal Ciência