Cientistas transformaram ratos de laboratório em predadores

de Gustavo Teixera 0

Em um experimento inovador, neurocientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, em parceria com cientistas da Yale University, Estados Unidos, conseguiram ativar o instinto predatório de ratos de laboratório, utilizando uma técnica chamada “optogenética”.

A técnica permitiu ativar os neurônios através da luz, e fez com que o instinto de ataque dos roedores fosse ativado. Os ratos, então, passaram a atacar itens como gravetos e tampas de garrafa. Apesar de apresentarem caráter agressivo, eles não atacaram outros ratos. Esse fato sugere que eles não se transformaram em “assassinos inconscientes”.

Outra observação na mudança de comportamento, é que os roedores passaram a ter uma necessidade avassaladora de conseguir comida. A parte do cérebro que os neurocientistas trabalharam nos ratos se chama amídala central. Na amígdala central estão localizados os neurônios que podem se comunicar com outras partes do cérebro, sendo que em um desse grupos, os neurônios vão da amídala central até o tronco cerebral, parte que auxilia no controle dos músculos da mandíbula.

Esse fato fez os cientistas suspeitarem que quando os neurônios dos ratos eram exercitados, poderiam controlar o impulso de morder e até mesmo matar. Outro fator observado é que um grupo de neurônios faz a conexão entre a amídala central e a substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo, que, segundo foi destacado em estudos, está relacionada ao comportamento de predador nos animais.

Os neurocientistas do estudo não ativaram os neurônios que controlam a ação de matar, somente os neurônios relacionados à perseguição de presas. Sendo assim, foi observado que os ratos perseguiam e espreitavam suas presas, posteriormente dando pequenas mordidas ao invés de mordidas letais. As descobertas podem ajudar a tentar entender como esses animais mudaram de comportamento, e também como o cérebro comanda ataques e mordidas que podem ser fatais. Para entender um pouco mais sobre a pesquisa, veja este vídeo produzido pela USP:

[ Cell ] [ Fotos: Reprodução / Wikimedia ]

Jornal Ciência