Briga entre macacos pode ajudar a explicar pontos de inflexão em culturas animais

de Merelyn Cerqueira 0

Cientistas suspeitam que as sociedades animais possam ter um “ponto crítico” no qual a sensibilidade alcance um pico tão alto que pode facilmente incliná-los a uma estrutura social completamente nova, segundo informações do jornal Daily Mail.

 

No entanto, os mecanismos que controlam esse ponto ainda permanecem um mistério. Para investigar isso, pesquisadores do Centro ASU-SFI de Sistemas Complexos Biossociais do Instituto de Santa Fé, nos EUA, resolveram observar brigas dentro de uma comunidade cativa de macacos, que por vezes acabavam envolvendo até 30 membros do bando. Basicamente, as observações revelaram que esse ponto crítico poderia ser medido pelo número de animais que se agitam e desestabilizam um sistema.

 

Os pesquisadores notaram que, em muitas das vezes, as lutas eram pequenas, envolvendo apenas dois ou três macacos. No entanto, quando em grande escala, chegavam a envolver 30 dos 48 macacos adultos da comunidade. De acordo com Bryan Daniels, da ASU-SFI, uma agitação envolvendo quatro ou cinco indivíduos já pode causar a desestabilização, provocando o surgimento de novas brigas.

 

Ainda, os pesquisadores observaram que o papel que cada um dos animais representava era fundamental na sensibilidade geral do grupo e controle da distância de ponto crítico (DFC). Enquanto alguns eram vistos tentando apartar as brigas, o que ajudaria a reduzir a DFC, outros eram vistos agitando e provocando outros macacos, contribuindo para um aumento da sensibilidade do grupo e DFC.

 

No entanto, segundo os pesquisadores, essa sensibilidade poderia funcionar para o benefício de toda a sociedade. “Todos os sistemas biológicos precisam equilibrar essa estabilidade e tensão, devido à necessidade de uma rápida mudança adaptativa”, escreveram os autores no estudo publicado na Nature Communications. “Porém, muitos sistemas biológicos são observados para se assentarem próximos de um ponto crítico, o que sugere uma falta de tensão”.

 

Segundo eles, esse conflito aparente pode ser resolvido pela descoberta de que a DFC pode ser ajustada (ou computada) por meio de mecanismos biológicos realistas. “A sintonização da DFC permite alternar entre estabilidade e criticalidade, proporcionando um meio para acessar estruturas sociais que podem ser mais apropriadas quando, e se, um ambiente mudar”, explicaram.

 

Logo, se este for o caso, os animais se tornariam menos sensíveis, afastando-se do ponto crítico, quando estão em um ambiente conhecido. De modo que, quando em um ambiente menos previsível, podem se tornar menos sensíveis. No entanto, os pesquisadores assumem que mais pesquisas precisam ser feitas para nos aprofundarmos mais no assunto.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail / Flickr ]

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