Alterações cerebrais causadas por drogas podem ser detectadas mesmo após a morte

de Julia Moretto 0

Segundo pesquisa, um viciado em drogas ou em sexo provoca alterações no cérebro que podem ser vistas mesmo após a morte.

Essa nova descoberta também mostra por que os viciados acham tão difícil largar seus hábitos. Quando praticamos uma atividade como sexo ou uso de drogas, uma proteína chamada FosB se ativa nas partes do cérebro que compõem o circuito de recompensa. Depois de combinar com outras proteínas, o FosB se liga a receptores locais que promovem a expressão de certos genes neurais, que, por sua vez, alteram a atividade dos neurônios relevantes.

No entanto, estudos anteriores mostraram que quando as pessoas desenvolvem vícios, a tensão colocada na FosB faz com que ela sofra alterações epigenéticas, o que significa que a sua expressão genética se altera por adição de determinadas moléculas. Como resultado, ela se transforma em uma proteína conhecida como DeltaFosB.

Essa condição é perigosa porque DeltaFosB é mais estável do que a FosB, que persiste no cérebro por um período mais longo. Consequentemente, ela produz mudanças muito mais duradouras na atividade neural, resultando na dependência. Em um novo estudo publicado no Journal of Addiction Research and Therapy, uma equipe de cientistas examinou o cérebro de 15 viciados em heroína recentemente falecidos e descobriu que DeltaFosB ainda podia ser vista nas regiões cerebrais responsáveis pelo prazer e pela memória nove dias depois da morte.

Eles suspeitam que ela possa persistir por mais tempo em pessoas vivas, o que pode ser uma razão pela qual os viciados em recuperação continuam sentindo falta da droga, mesmo depois de pararem de usá-la.

A coautora do estudo, Monika Seltenhammer, explicou em um comunicado que isso poderia ter implicações para o desenvolvimento de novas estratégias para tratar pacientes que tentam superar um vício. “Se o desejo persistir no cérebro por meses, é muito importante prover o apoio psicológico correspondente ao tempo necessário”, disse.

[ Fonte: IFL Science ]

[ Foto: Reprodução / Wikimedia ]

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