Adolescentes sul-africanas construíram o primeiro satélite privado de seu país

de Gustavo Teixera 0

Em maio do ano que vem, a África lançará seu primeiro satélite particular no espaço, para monitorar as condições climáticas do continente. Ao contrário de satélites já lançados por outros países, este é único e inovador, pois foi construído por um grupo de 14 adolescentes sul-africanas da Escola Secundária de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM).

As estudantes projetaram e fizeram a carga útil para o satélite, que irá orbitar sobre os polos da Terra e explorar a superfície do continente africano. A carga útil, onde são acoplados os subsistemas relacionados à missão do satélite como câmeras, enviará dados detalhados de imagens térmicas duas vezes por dia para ajudar na prevenção de desastres e monitorar as plantações de alimentos na região.

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“Podemos tentar determinar e prever os problemas que a África enfrentará no futuro. Onde a nossa comida está crescendo, onde podemos plantar mais árvores e vegetação e também como podemos monitorar áreas remotas. Temos muitos incêndios florestais e inundações, mas nem sempre conseguimos saber a tempo”, disse Brittany Bull, uma estudante da Pelican Park High School na África do Sul que trabalhou no desenvolvimento do projeto, à rede de televisão norte-americana CNN.

O próprio satélite foi comprado pela South Africa’s Meta Economic Developing Organization e as alunas estão sendo treinadas para fazer sua carga útil pelos engenheiros de satélite da Universidade de Tecnologia da Península do Cabo.

Em seu treinamento inicial, as meninas programaram e lançaram pequenos modelos de satélites usando balões meteorológicos. Mas desde então elas passaram a programar as cargas, que serão capazes de coletar dados de imagens térmicas e mostrar onde seca e possíveis inundações são esperadas. Isso é importante, porque uma seca causada pelo El Niño em abril deste ano levou a África do Sul a ter uma redução de 9,3 milhões de toneladas na produção de milho, e como consequência disso, terá que importar mais milho para compensar o déficit.

Na África do Sul, passamos por algumas das piores inundações e secas que realmente afetaram muito os agricultores. Esperamos receber um bom sinal, o que nos permitirá receber dados confiáveis… é um novo campo para nós, mas acho que com isso poderíamos fazer mudanças positivas em nossa economia”, disse a estudante Sesam Mngqengqiswa, à CNN.

Se tudo correr de acordo com o planejado, o satélite está programado para ser lançado em maio de 2017, o que o tornará o primeiro satélite em órbita da iniciativa privada africana. O grupo também quer expandir o projeto e envolver meninas da Namíbia, Malawi, Quênia e Ruanda como uma forma de inspirar jovens mulheres africanas a trabalhar no desenvolvimento de projetos que podem fazer o continente evoluir.

As meninas envolvidas neste projeto têm sonhos e planos maiores, pensando até em ir para o espaço e trabalhar em algum programa espacial, tornando-se a primeira mulher negra a fazer parte de uma tripulação no espaço sideral. “Descobrir o espaço e ver a atmosfera da Terra, não é algo que muitos africanos negros puderam fazer, ou não têm a oportunidade de olhar”, disse Mngqengqiswa à CNN.

Eu quero ser capaz de experimentar essas coisas. Quero mostrar a outras garotas que não precisamos nos limitar. Qualquer carreira é possível, até mesmo a aeroespacial”, acrescentou Bull. Veja o vídeo das jovens trabalhando no projeto pioneiro:

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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