Teste de Rorschach: por que vemos imagens em manchas de tinta?

de Julia Moretto 0

Se ao observar esta imagem você vê uma borboleta, elefantes, humanos sangrentos ou alguma outra coisa, pode descobrir alguns dos segredos escondidos de sua mente.

Os cientistas descobriram por que as pessoas veem tantas imagens em manchas de tinta: o número de imagens obtidas por essas manchas de tinta é determinado pelas formas irregulares nas bordas.

Os pesquisadores olharam especificamente para fractais, padrões repetidos, que podem ser vistos em todas as escalas.

Quando os fractais são mais complexos, as pessoas veem menos imagens do que quando tais padrões são mais simples.

“Esses fractais estão induzindo essas imagens que não estão lá. Eles estão enganando o sistema visual”, disse o autor do estudo, Richard Taylor, físico da Universidade de Oregon.

O sistema visual do cérebro é adaptado para processar padrões, disse Taylor à Live Science. Na natureza, os fractais são abundantes e podem ser encontrados nas árvores, nas nuvens, no relâmpago e nas linhas costeiras.

A habilidade do sistema visual para processar eficientemente tais fractais resulta em o que Taylor chama de “olhar sem esforço”.

Taylor e sua equipe decidiram usar manchas de tinta para estudar este processamento de imagem. Essas manchas foram produzidas pela primeira vez em 1921 pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach, que publicou 10 padrões diferentes, logo promovidos a um “raio-X psicológico”, de acordo com o estudo.

O teste baseia-se em um fenômeno chamado pareidolia: as pessoas veem imagens familiares, mas nenhuma delas existe.

Um psicólogo em um hospital mental em 1955 discute a interpretação de um paciente de uma mancha de tinta no teste de Rorschach. 

Os pesquisadores acompanharam 23 estudantes de psicologia do primeiro ano analisando 24 imagens de tinta diferentes de Rorschach e determinando quantas formas elas poderiam ver em cada imagem, de “nenhuma” a “sete ou mais”.

Usando um parâmetro artificial chamado dimensão fractal, os pesquisadores foram capazes de quantificar quão complexos os fractais eram em cada mancha de tinta.

Depois de analisar seus resultados, os pesquisadores descobriram que quanto mais complexos eram os fractais, menos imagens os participantes viam em cada um.

Os pesquisadores encontraram resultados semelhantes quando analisaram conjuntos de dados de dois estudos anteriores: uma análise realizada na década de 1930 pela psicóloga Marguerite Hertz com a respostas de 1.050 participantes às manchas de Rorschach, e um estudo em 1953 de manchas de tinta de Rorschach que envolveu pessoas com e sem esquizofrenia.

Taylor espera aplicar os resultados para o desenvolvimento de sistemas visuais artificiais. “Temos que estudar se vamos substituí-lo por um sistema artificial”, disse ele à Live Science, acrescentando que para construir um grande sistema artificial, os pesquisadores têm que examinar o sistema visual natural.

Atualmente, a pesquisa de Taylor sobre olhos artificiais está no estágio in vivo, o que significa que sua equipe estão prestes a implantar protótipos de olhos em camundongos, disse ele.

Fonte: Live Science / PLOS ONE Foto: Reprodução / Live Science

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