A raiva é um tipo de doença infecciosa aguda gerada por um vírus que afeta mamíferos, incluindo nós, seres humanos. Sendo quase sempre fatal, a doença inicia-se de forma muito silenciosa e começa a adquirir sinais clássicos até ocorrer a chamada encefalite (inflamação do cérebro) progressiva e aguda.

O vídeo que você verá foi gravado no Irã enquanto um paciente sofria de graves ataques após contrair raiva e não ter sido vacinado com a vacina antirrábica. Ao que tudo indica, ele foi atacado por um lobo.

Mesmo sendo associado normalmente aos cachorros, o vírus pode estar presente em diversos animais, como morcegos, gambás, raposas, lobos, macacos, gatos, coiotes, furões e diversos outros.

Paciente em estado avançado de raiva. Foto: Reprodução / YouTube

É tão difícil de tratá-la com sucesso que pouquíssimos pacientes em todo o mundo conseguiram responder ao tratamento e obter a cura. O primeiro caso de cura ocorreu no Brasil com um rapaz de 15 anos, do Recife, que conseguiu se livrar da doença com um medicamento antirretroviral.

Kuvan – medicamento antirretroviral para raiva. Foto: Divulgação

Os médicos o deixaram em coma induzido para minimizar lesões e o agravamento do caso. O medicamento usando, geralmente no Brasil, é o dicloridrato de sapropterina, nome comercial do Kuvan® em alguns países.

Em um caso mais recente, o Brasil doou, a pedido da República Dominicana, o medicamento, que salvou a vida de uma criança do sexo masculino de apenas 2 anos de idade que foi mordido por um animal doméstico. 

Sapropterina, molécula antirretroviral capaz de salvar alguns pacientes da raiva.

Neste caso da República Dominicana (o medicamento faz parte do RENAME – Relação Nacional de Medicamentos que é distribuído gratuitamente no Brasil) foi disponibilizado pelo Ministério da Saúde, via doação, todo o tratamento necessário em doses adequadas após cálculos da dosagem em relação ao peso e altura da criança.

Foram 120 comprimidos enviados, totalizando 5 meses de tratamento, o que está dentro do Protocolo Clínico de Tratamento da Raiva Humana, oficial não só no Brasil, mas no mundo. O Brasil é um dos principais países com disponibilidade gratuita do medicamento.

A criança dominicana foi a 17º a sobreviver da raiva no mundo. Em seu país, ela foi a primeira. Em geral, o Brasil adotou o cloridrato de sapropterina em 2011, quando provas científicas mostraram que a dose de 2 mg/kg via enteral de 8/8 horas poderia salvar vidas, mesmo que em condições muito raras.

O que provoca?

“A raiva é causada pelo vírus Lyssavírus, que se espalha após a mordida e tem preferência em se instalar nos nervos periféricos, indo para o sistema nervoso central.

Ele se propaga nas glândulas salivares na boca do paciente, onde pode gerar novos contágios em caso de mordida”, ressalta a bióloga Karlla Patrícia, com doutorado em zoologia, do portal Diário de Biologia.

Lyssavírus – vírus responsável pela raiva. Foto: Microbe World/Flickr

“O sintoma clínico mais associado à raiva é a dificuldade de engolir. Quando algum líquido entra em contato com a garganta, ele é violentamente expulso e expelido. Ao mesmo tempo, uma forte contração muscular dolorosa para o paciente no abdômen faz a pessoa se contorcer de dor. Daí o termo hidrofobia, ou seja, pânico de água”, salientou a bióloga.

Outros sintomas

Confusão mental, agitação, febre, mal-estar, desorientação, agressividade, alucinações, espasmos musculares generalizados, salivação excessiva chegando a babar ou “criar espuma” como é dito na cultura popular, dentro outros. 

Uma vez que estes sintomas, de caráter neurológico se iniciam, a chance de evoluir para óbito é quase certa, cerca de 99,99% dos pacientes.

O que fazer?

Em caso de mordida, o Ministério da Saúde recomenda procurar o posto de saúde mais próximo para tomar a vacina antirrábica, que pode chegar até a 5 doses, dependendo do caso do paciente.

Clicando neste link, você encontra um PDF com todas as informações para evitar a contaminação e propagação da raiva, liberado pelo Ministério da Saúde. Veja o vídeo chocante abaixo, não recomendado para pessoas sensíveis a conteúdos clínicos:

Fontes: Ministério da Saúde / NCBI / MD Saúde / The Conversation 

Jornal Ciência