A raiva é um tipo de doença infecciosa aguda gerada por um vírus que afeta mamíferos, incluindo nós, seres humanos. Sendo quase sempre fatal, a doença inicia-se de forma muito silenciosa e começa a adquirir sinais clássicos até ocorrer a chamada encefalite (inflamação do cérebro) progressiva e aguda.
O vídeo que você verá foi gravado no Irã enquanto um paciente sofria de graves ataques após contrair raiva e não ter sido vacinado com a vacina antirrábica. Ao que tudo indica, ele foi atacado por um lobo.
Mesmo sendo associado normalmente aos cachorros, o vírus pode estar presente em diversos animais, como morcegos, gambás, raposas, lobos, macacos, gatos, coiotes, furões e diversos outros.
É tão difícil de tratá-la com sucesso que pouquíssimos pacientes em todo o mundo conseguiram responder ao tratamento e obter a cura. O primeiro caso de cura ocorreu no Brasil com um rapaz de 15 anos, do Recife, que conseguiu se livrar da doença com um medicamento antirretroviral.
Os médicos o deixaram em coma induzido para minimizar lesões e o agravamento do caso. O medicamento usando, geralmente no Brasil, é o dicloridrato de sapropterina, nome comercial do Kuvan® em alguns países.
Em um caso mais recente, o Brasil doou, a pedido da República Dominicana, o medicamento, que salvou a vida de uma criança do sexo masculino de apenas 2 anos de idade que foi mordido por um animal doméstico.
Neste caso da República Dominicana (o medicamento faz parte do RENAME – Relação Nacional de Medicamentos que é distribuído gratuitamente no Brasil) foi disponibilizado pelo Ministério da Saúde, via doação, todo o tratamento necessário em doses adequadas após cálculos da dosagem em relação ao peso e altura da criança.
Foram 120 comprimidos enviados, totalizando 5 meses de tratamento, o que está dentro do Protocolo Clínico de Tratamento da Raiva Humana, oficial não só no Brasil, mas no mundo. O Brasil é um dos principais países com disponibilidade gratuita do medicamento.
A criança dominicana foi a 17º a sobreviver da raiva no mundo. Em seu país, ela foi a primeira. Em geral, o Brasil adotou o cloridrato de sapropterina em 2011, quando provas científicas mostraram que a dose de 2 mg/kg via enteral de 8/8 horas poderia salvar vidas, mesmo que em condições muito raras.
O que provoca?
“A raiva é causada pelo vírus Lyssavírus, que se espalha após a mordida e tem preferência em se instalar nos nervos periféricos, indo para o sistema nervoso central.
Ele se propaga nas glândulas salivares na boca do paciente, onde pode gerar novos contágios em caso de mordida”, ressalta a bióloga Karlla Patrícia, com doutorado em zoologia, do portal Diário de Biologia.
“O sintoma clínico mais associado à raiva é a dificuldade de engolir. Quando algum líquido entra em contato com a garganta, ele é violentamente expulso e expelido. Ao mesmo tempo, uma forte contração muscular dolorosa para o paciente no abdômen faz a pessoa se contorcer de dor. Daí o termo hidrofobia, ou seja, pânico de água”, salientou a bióloga.
Outros sintomas
Confusão mental, agitação, febre, mal-estar, desorientação, agressividade, alucinações, espasmos musculares generalizados, salivação excessiva chegando a babar ou “criar espuma” como é dito na cultura popular, dentro outros.
Uma vez que estes sintomas, de caráter neurológico se iniciam, a chance de evoluir para óbito é quase certa, cerca de 99,99% dos pacientes.
O que fazer?
Em caso de mordida, o Ministério da Saúde recomenda procurar o posto de saúde mais próximo para tomar a vacina antirrábica, que pode chegar até a 5 doses, dependendo do caso do paciente.
Clicando neste link, você encontra um PDF com todas as informações para evitar a contaminação e propagação da raiva, liberado pelo Ministério da Saúde. Veja o vídeo chocante abaixo, não recomendado para pessoas sensíveis a conteúdos clínicos:
Fontes: Ministério da Saúde / NCBI / MD Saúde / The Conversation