Polidactilia poderia garantir prestígio social em civilização pré-colombiana

Segundo uma pesquisa arqueológica publicada na revista American Antiquity, pessoas com polidactilia – com mais de cinco dedos em cada pé ou mão – recebiam tratamentos preferenciais nas comunidades pré-colombianas que há mil anos atrás habitaram a região de Puebla – o que é hoje o Parque Nacional Histórico da Cultura Chaco, no Novo México.

Os pesquisadores relataram a descoberta a partir de artefatos em forma de mãos e pés, bem como pinturas, em um local antigo conhecido como Pueblo Bonito. Com um vasto número de cômodos, incluindo câmaras funerárias e altares cerimoniais, o complexo foi construído no final do século 9, antes de ser ampliado nos 200 anos subsequentes – o que lhe deu status social e religioso.

Em escavações realizadas em 1896, arqueólogos descobriram restos mortais de 96 pessoas, das quais três possuíam um dedo extra no pé. Considerando que a polidactilia afeta apenas 132 em cada 1.000 pessoas, apenas nos EUA, a descoberta pode ser considerada surpreendente. A prevalência da condição em Pueblo Bonito indica que as pessoas com os dedos extras podem ter sido consideradas de status social elevado na sociedade Chaco e tiveram sucesso ao tentar reproduzir a mutação genética.

Ao analisar as relíquias encontradas no lugar, os pesquisadores descobriram que uma mulher cujo pé direito tinha seis dedos foi enterrada com 698 contas de turquesa espalhadas sobre seu tornozelo. Eles observaram também que, muitas das paredes do complexo, bem como câmaras funerárias e salas cerimoniais, eram adornadas com marcas da palma da mão e pegadas de pessoas que tinham mais de cinco dedos, sugerindo a importância desses indivíduos.

Presume-se que ainda havia calçados especiais, como sandálias de dedos para comportar os dedos extras dos pés, já que os sapatos normais poderiam ser altamente desconfortáveis. No geral, o povo Chaco é descrito pelos autores como uma civilização aficionada por andar com os pés descalços, porém, esse não parecia ser o caso para quem tinha polidactilia.

[ IFLS ] [ Fotos: Reprodução / IFLS ]