O flash fotográfico danifica obras de arte?

de Julia Moretto 0

Com certeza você já foi em uma exposição que tinha uma placa dizendo “proibido fotografar”. Esse tipo de aviso é mantido para que o flash dos aparelhos não danifique as obras de arte. Mas será que isso tem sentido?

Martin H. Evans estudou essa suposição em seu artigo “Fotógrafos Amadores em Galerias de Arte: analisando o dano causado por fotografia com flash”. Ele concluiu que o flash realmente pode causar modificações nas obras, porém insignificantes e similares às provocadas pela iluminação do museu.

Uma das análises que deram origem ao mito foi feita pela Galeria Nacional da Inglaterra, em Londres, em 1995. Buscando encontrar possíveis danos, pinturas comuns foram submetidas a três tipos de iluminação: dois flashes poderosos (um com e outro sem filtro ultravioleta) e uma iluminação constante, como a de um museu.

Os flashes foram disparados a cada sete segundos durantes alguns meses. No final da experiência, algumas pinturas expostas ao flash não filtrado apresentaram pequenas (porém visíveis) mudanças de cor. Já os outros dois experimentos não mostraram mudança aparente – os cientistas só conseguiram identificar com a ajuda de equipamentos. Porém, esses resultados insignificantes foram o suficiente para deixar curadores em alerta e proibir o uso de câmera fotográfica em museus. 

Outras razões

Evans analisou os resultados do teste feito há 20 anos e notou alguns pontos. A potência do flash utilizado era muito mais forte do que os embutidos em câmeras. Além disso, a distância usada no estudo foi de um metro, sendo que em museus, a distância mínima permitida é muito maior.  

Já sobre os raios UV, Evans explica, “na prática, quase todos os flashes, embutidos ou acoplados às câmeras, têm filtros que barram a maior parte dos raios UV temidos pelos curadores”.

Isso significa que para ter um efeito mínimo nas obras de arte, seria necessário disparar bilhões de flashes e mesmo assim, o resultado seria menor do que causado pelas luzes do museu. “Curadores proíbem que se fotografe coisas como relíquias egípcias que estiveram expostas à luz solar em um deserto por mais de 3 mil anos”, explica o autor. Mesmo com novos resultados provando o contrário, é pouco provável que haja mudança.

Outra questão que pode explicar a proibição de fotografar obras de artes, são os direitos autorais. Ou então, evitar que as pessoas passem muito tempo em frente de uma única obra, atrapalhando a visitação. Mas a justificativa mais sincera envolve souvenirs: se você mesmo registrar a visita, é provável que gaste menos nas lojas de presentes.

[ Gizmodo ] [ Fotos: Reprodução / Gizmodo ]

Jornal Ciência