Se você esqueceu tudo o que aprendeu na escola sobre as mitocôndrias, saiba que elas são organelas citoplasmáticas membranosas responsáveis por fornecer energia às células e mantê-la em atividade.
Elas normalmente funcionam com base na temperatura corporal, que está entre 36,5 e 37,5 °C. Logo, naturalmente assume-se que elas trabalhem apenas neste limite de temperatura.
No entanto, um novo estudo publicado na revista PLOS Biology revelou que as mitocôndrias são capazes de fazê-lo, e muito bem, em temperaturas de quase 50° C.
As mitocôndrias existem as centenas dentro de nossas células. Dentro delas são verificadas diversas reações químicas, como por exemplo, aproximadamente 40% da energia liberada por essas organelas contribui para a síntese de trifosfato de adenosina (ATP), uma operação-chave do corpo que está envolvida em diferentes processos, que vão desde a contração dos músculos a atividade cerebral.
O estudo em questão, feito por uma equipe internacional de pesquisadores coordenada pelo biólogo molecular Pierre Rustin, do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa, apontou que as mitocôndrias são como uma espécie de radiadores termostáticos, encontrados localizados em uma fonte pouco isolada.
Então são capazes de trabalhar em uma temperatura significativamente maior do que a normalmente encontrada no ambiente.
Para determinar se a temperatura dentro das mitocôndrias permaneceria estável em quase 50 graus, Rustin e sua equipe usou uma sonda química (geralmente referida como termômetro molecular) que produziu uma fluorescência e era particularmente sensível à temperatura.
Assim, eles observaram que o fenômeno de energia era mantido enquanto as organelas funcionavam normalmente, embora desaparecesse se desativada.
Ainda, eles verificaram que muitas das enzimas que catalisavam reações – algumas proteínas químicas – evoluíram para manter a atividade sob estas condições de temperatura.
Os pesquisadores destacaram que, com base nos novos dados, será necessária uma reavaliação do que pensamos saber sobre o funcionamento das mitocôndrias e seu papel nas células.
“Muito do nosso conhecimento sobre elas e as suas enzimas, como permeabilidade de membrana ou o efeito de toxinas e fármacos, está associada à temperatura corporal de cerca de 37,5 °C”, disse Rustin.
Os resultados chamaram a atenção de outros cientistas, como o bioquímico britânico Nick Lane, que na mesma edição da revista PLOS Biology inclui um artigo sobre o assunto, salientando que, embora o trabalho de seus colegas seja promissor, mais análises devem ser feitas.
Fonte: Muy Interesante Foto: Reprodução / Muy Interesante