Nos EUA, toxicodependentes chegam a tomar 24 pílulas de antidiarreicos por dia como entorpecentes

de Merelyn Cerqueira 0

Conforme relatado anteriormente pelo Jornal Ciência, já era de conhecimento da mídia norte-americana que alguns toxicodependentes estavam fazendo uso de antidiarreicos como entorpecentes.

O Imosec (cloridrato de loperamida) era o medicamento mais utilizado, com casos relatados de overdoses. Agora, novamente o assunto voltou às manchetes, mas em razão de ocorrências registradas em grande escala no estado de Nova Jersey, EUA.

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De acordo com o jornal inglês Daily Mail, essa região já é conhecida pelos problemas enfrentados em razão do abuso de heroína e medicamentos sem prescrição médica. Porém, agora, os dependentes químicos, em uma tentativa desesperada de manter o vício, estão apelando para o consumo de antidiarreicos.

A loperamida, ingrediente ativo dos comprimidos de Imosec, é um opióide que quando ingerido em altas doses pode induzir uma pequena e instantânea sensação de euforia. Comumente, utilizam um ou dois comprimidos por dia no tratamento de diarreias. Contudo, o efeito produzido por ela está levando os dependentes a consumirem até 24 comprimidos diariamente, o que acaba causando uma constipação incapacitante.

Os dados exatos do número de usuários ainda são difíceis de obter. Porém, o aumento no número de chamadas de emergência sugere que o consumo da droga esteja crescendo. Nos EUA, desde 1988 a loperamida é classificada como substância controlada, assim como a metanfetamina e codeína. Em junho deste ano, as autoridades chegaram a emitir um aviso alertando que abuso e má utilização do produto poderiam causar sérios problemas cardíacos e até levar à morte.  

De acordo com o especialista em reabilitação, Dr. Anthony Kolodny, muitas pessoas utilizam esse tipo de substância para evitar as mais perigosas, como a heroína, enquanto outros o fazem apenas para garantir o efeito. Em entrevista ao jornal local NJ.com, um dependente anônimo de 27 anos disse ser capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o medicamento, até mesmo roubar uma farmácia. De acordo com ele, a sensação proporcionada é de um agradável formigamento.

Em relação aos casos, um porta voz da Johnson e Johnson, que fabrica o Imodium (cloridrato de loperamida), um medicamento semelhante, disse que “tal como acontece com qualquer outro medicamento, abuso e mau uso podem levar a efeitos colaterais graves, e os consumidores devem sempre ler e seguir a bula antes de tomar qualquer medicação”.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail / Pixabay

Jornal Ciência