Os restos de uma criança foram encontrados congelados e semicobertos no solo das encostas rochosas da montanha mais alta das Américas.
Agora, a identidade da múmia da criança Inca foi parcialmente revelada. Uma equipe de geneticistas e arqueólogos forenses sequenciou trechos do DNA do jovem usando um pequeno fragmento de seu pulmão. Ele pode ter pertencido a uma família que se originou ao norte dos Andes peruanos, sendo membro de um subgrupo genético raro de paleoíndios que não foi previamente identificado.
O menino de sete anos, perfeitamente preservado, teria sido sacrificado por sacerdotes incas há 500 anos, para honrar seus deuses em um ritual conhecido como Capacocha. O DNA mitocondrial examinado pelos cientistas – transmitido apenas através da linha materna de uma família – sugere que a criança, sua mãe ou seus ancestrais migraram por uma longa distância, até o sul do continente, através dos Andes, para o que hoje é a Argentina.
Eles descobriram que a múmia também pertencia a um subgrupo genético raro de paleoíndios que não tinha sido previamente identificado. Acredita-se que esse grupo surgiu, primeiramente, há cerca de 14.300 anos no Peru, e algumas pessoas que transportam esses genes mitocondriais continuam vivendo hoje, no Peru e na Bolívia. No entanto, os pesquisadores também descobriram um perfil genético semelhante – holótipo – nos restos de um indivíduo do antigo Império Wari, que existiu no Peru em torno de 1.100 AD.
Segundo Dr. Alberto Gómez-Carballa, geneticista forense que foi o principal autor do trabalho na Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, a criança mumificada poderia ter sido parte de um ritual de sacrifício. “Essa múmia foi encontrada na borda meridional dos territórios ocupados pelos incas. Sabe-se que os incas organizavam peregrinações de mais de 1.300Km para rituais de sacrifício. O perfil genético da múmia se encaixa bem com a variação existente no núcleo da civilização Inca, no Peru. Nossos dados também sugerem que a linhagem da múmia esteja quase extinta em populações contemporâneas, mas foi, provavelmente, muito frequente na época”, disse ele.
Os restos mumificados do corpo foram descobertos em 1985 por um grupo de alpinistas, a cerca de 5.300 metros do cume do Aconcagua, na província argentina de Mendoza. O corpo foi encontrado envolvido em vários tecidos e rodeado por seis estatuetas. Várias múmias semelhantes foram encontradas em outros locais ao redor do Andes, onde a atmosfera seca ajuda a inibir bactérias decompositoras.
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