Especialistas descobrem acidentalmente mais de 40 navios no fundo do Mar Negro

de Julia Moretto 0

Nas profundezas do Mar Negro se encontra uma paisagem escura, onde não há luz e oxigênio. Uma expedição de mapeamento analisou a área depois de acidentalmente descobrir mais de 40 navios afundados que datam do Império Otomano e períodos bizantinos.  

A expedição vasculhou 1.800 metros abaixo da superfície do Mar Negro usando um navio e equipamentos submarinos avançados. O navio está em um mapeamento de paisagens antigas submersas que foram inundadas com água após a última Idade do Gelo.

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O projeto, conhecido Black Sea Maritime Archaeology Project, envolve uma equipe internacional liderada pela Universidade do Centro de Southampton para Arqueologia Marítima.

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Nós estamos procurando responder a algumas perguntas sobre quando o nível da água subiu, a rapidez e quais os efeitos que teve sobre as populações humanas que vivem ao longo deste trecho da costa búlgara do Mar Negro”, explicou o professor Jon Adams, principal pesquisador do projeto. “O foco principal deste projeto é a realização de levantamentos geofísicos para detectar as superfícies terrestres abaixo do leito do mar atual, recolher amostras do núcleo e caracterizar e datá-los, e criar uma reconstrução paleoambiental da pré-história do Mar Negro”, completou. 

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O navio carrega alguns dos sistemas de pesquisa submarina mais avançados do mundo. Os pesquisadores estão usando dois veículos Operados Remotamente (ROVs) para o levantamento do leito do mar. Um é otimizado em alta resolução 3D, enquanto o outro, chamado Surveyor Interceptor, tem quatro vezes a velocidade do ROVs convencionais e carrega um conjunto completo de instrumentos geofísicos, bem como luzes, câmeras de alta definição e um scanner a laser. 

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Desde o início do projeto, o Surveyor Interceptor estabeleceu novos recordes de profundidade com cerca de 1.800 metros e velocidade de 7 mph (cerca de 11 km/h), cobrindo 1.250 quilômetros. Entre os destroços há navios dos Impérios Otomano e Bizantino, que fornecem novas informações sobre as comunidades na costa do Mar Negro.

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Depois de 1453, quando os turcos-otomanos ocuparam Constantinopla, o Mar Negro foi praticamente fechado para o comércio exterior. Quase 400 anos depois, em 1856, o Tratado de Paris reabriu o mar para o comércio de todas as nações.

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Os destroços são um bônus completo, uma descoberta fascinante encontrada durante o curso de nossas extensas pesquisas geofísicas. Eles estão incrivelmente preservados devido às condições anóxicas do Mar Negro”, conta o professor Adams. “Com a ajuda da técnica de gravação em 3D para estruturas submarinas, fomos capazes de capturar algumas imagens surpreendentes sem perturbar o leito do mar. Estamos agora entre os maiores expoentes dessa metodologia de práticas e modelos”, completou.
[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]

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