O pequeno animal, desconhecido para muitos de nós, foi encontrado pela primeira vez em 1983, pelo cientista Dr. Weidong Li, que estava a serviço do governo chinês para estudar doenças infecciosas e novos recursos da biodiversidade.
Foi uma surpresa quando o pequeno mamífero de 20 cm, peludo, da família Pika, também chamada de família Ochotonidae, surgiu entre as rochas, desconfiado e observador.
Dr. Li o batizou com nome de Pika-de-Ili — Pika, pela família a qual o animal pertence, e Ili, pela região onde o cientista foi criado. Segundo ele, era como uma mistura de rato com coelho gigante, de grandes orelhas e olhos redondos e uma pequena cauda. Seu nome científico é Ochotona iliensis.
Na primeira aparição, Dr. Li conseguiu capturar um espécime para estudo e anotou todas as pistas possíveis para analisá-las no Instituto de Ecologia e Geografia Xinjiang. Isso era necessário para comprovar se Pika era, de fato, uma nova espécie para a ciência.
Mas, apenas um único animal não foi suficiente para comprovar, o que levou anos de estudo para que mais alguns pudessem ser capturados e estudados, validando assim a descoberta para a comunidade científica mundial.
À época, foi extremamente complicado descobrir informações sobre ele. Sua moradia era complexa, seu comportamento arredio e jamais foram vistos dois Pikas juntos. Em sua obstinação, Dr. Li acumulou informações preciosas sobre o mamífero.
Pika-de-Ili
A primeira foto do pequeno mamífero só foi registrada em 2014. Desde o primeiro contato com o bicho em 1983, era extremamente difícil encontrá-lo em um ângulo ou situação que fosse possível uma fotografia.
Pika sempre foi muito bom em se esconder. É um mamífero extremamente discreto, de hábitos solitários, não bebe água diretamente e come vegetação montanhosa difícil de ser encontrada, como o Lótus da Neve e Raiz Ártica (mais conhecida no Brasil como Rhodiola rosea).
Sua espécie existe apenas nas Montanhas de Tianshan, em altitudes que variavam entre 2.800 e 4.100 metros. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) havia confirmado, em 1990, que existiam apenas 2.000 Pikas no mundo. Mas, a situação atual é ainda pior.
A luta de seu descobridor
O Dr. Weidong Li, hoje com 63 anos, procurou proteger nas últimas três décadas a espécie, que é considerada mais rara que os pandas gigantes.
A população catalogada sofreu grande declínio, com estimativas afirmando a existência de menos de 1.000 Pikas, isso em 2018. Atualmente, o número é ainda menor, com quantidades exatas sem confirmação.
Dr. Li trabalha na conservação da espécie fazendo pesquisa de campo desde 2002, mas em 2018 previa não conseguir continuar por muito tempo.
“Os estudos de campo exigem que trabalhemos no topo das montanhas Tianshan. Na minha idade, só posso trabalhar mais alguns anos. Espero que jovens possam me suceder no trabalho”, declarou em palestra ao TEDx.
O fim de Pika?
Entre os anos de 1992 e 2014, Dr. Li e sua equipe não conseguiram observar nenhum Pika-de-Ili. Nos últimos 35 anos, a população encolheu drasticamente após mais de 70% de seu habitat natural ter sido devastado pelas mudanças climáticas e agropecuária.
Dr. Li conseguiu que o governo mantenha pontos estratégicos nas montanhas com áreas de conservação para impedir que animais caçadores entrem, instalando câmeras na natureza para constante monitoramento.
O pesquisador também pediu que designers transformassem a imagem de Pika-de-Ili em desenho animado, para conscientizar os jovens sobre a importância de sua proteção, mas todas estas medidas não foram suficientes.
Atualmente, ele está na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) de animais com sérios riscos de desaparecer do planeta.
Fonte(s): CGTN Imagem de Capa: Reprodução / Dr. Li Weidong Foto(s): Reprodução / Dr. Li Weidong