Bebê que nasceu com cérebro para fora do crânio é salvo por cirurgia pioneira

de Merelyn Cerqueira 0

Bentley Yoder nasceu com o cérebro para fora de seu crânio, dentro de um crescimento localizado logo acima da cabeça.

Segundo os médicos que atenderam seu caso, ele dificilmente sobreviveria. No entanto, sete meses depois, ele foi submetido a uma cirurgia reconstrutiva pioneira que ajudou a moveu seu cérebro de volta ao crânio, conforme reportado pela Washington Post.

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Os pais do menino, Sierra e Dustin, perceberam que algo estava errado quando, na 22ª semana, realizaram uma ultrassonografia de rotina. Assim, ainda no útero, Bentley foi diagnosticado com uma condição rara, chamada encefalocele, ou cranium bifidum. Nestes casos, partes do cérebro se projetam para fora da cabeça em lacunas do crânio que não se fecharam corretamente.

Informados de que o filho não sobreviveria, eles ficaram devastados. Em entrevista ao Washington Post, a mãe contou ter perdido as esperanças quando os médicos informaram que, se vivesse, a criança não teria qualquer função cerebral. Contudo, os pais não estavam dispostos a interromper a gravidez, afirmando que queriam ter a chance de se despedir do filho.

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Entretanto, e para surpresa de todos, Bentley nasceu praticamente saudável. Ao longo das semanas que se passaram, ele continuou bem, exceto por uma infecção pulmonar. Logo, apesar do grande crescimento acima de sua cabeça, ele se desenvolveu normalmente, deixando os médicos surpreendidos.

Quando completou quatro meses de vida, os pais o levaram à uma clínica especializada em Cleveland, nos EUA, e consultaram um cirurgião que afirmou ser impossível colocar o cérebro de volta ao crânio. Após isso, o pai entrou em contato com um outro especialista, agora em Boston.

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Após analisar o caso de Bentley, os cirurgiões perceberam que partes de seu cérebro que estavam ali não poderiam ser removidos, pois eram responsáveis por funções cognitivas essenciais, como controle motor, resolução de problemas e visão. Dessa forma, eles precisaram desenvolveu um novo plano. A solução então foi utilizar modelos impressos em 3D. Como o bebê tinha 100 centímetros cúbicos de cérebro externo, os cirurgiões precisaram expandir seu crânio para acomodá-lo. Antes da cirurgia eles desenvolveram um modelo de plástico para testes, para avaliar qual a quantidade de massa encefálica que poderia caber ali.

Cuidadosamente estudada, a pioneira cirurgia foi realizada em maio deste ano. Os médicos precisaram avaliar se o crânio da criança seria resistente o suficiente para suportá-la, evitando complicações futuras, como uma hidrocefalia. Assim, eles fizeram novos cortes no osso, e cuidadosamente colocaram o cérebro de volta, fechando as lacunas com sobras ósseas. O procedimento durou cerca de seis horas, que correram de forma bem-sucedida.

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Apesar de precisar de acompanhamentos regulares para drenar o excesso de fluído no cérebro, quase um mês após a operação, Bentley parece estar bem. Contudo, os médicos ainda não sabem o que o futuro lhe reserva. Segundo eles, é bem possível que a visão seja prejudicada, mas não está claro até que ponto. Porque sua condição é única, seu caso não pode ser comparado, precisando ser levada “passo a passo”, segundo os especialistas.

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Washington Post ] [ Fotos: Reprodução / Hospital Infantil de Boston ]

Jornal Ciência