Astrônomos descobrem nuvem de poeira fantasmagórica orbitando a Terra

de Merelyn Cerqueira 0

Por décadas a existência de nuvens espaciais de aparência fantasmagórica na órbita da Terra tem sido tratada como especulação e controvérsia.

No entanto, pesquisas recentes realizadas por astrônomos da Universidade de Eötvös Loránd, na Hungria, parecem ter validado sua realidade.

As nuvens de Kordylewski – dois misteriosos aglomerados de poeira presos entre os campos gravitacionais concorrentes da Terra e da Lua – foram postuladas pela primeira vez nos anos 1950, embora evidências de sua existência fossem fracas.

No espaço, elas ocupam posições chamadas pontos de Lagrange – locais onde pequenos objetos ficam presos em um nexo gravitacional entre forças exercidas por dois corpos maiores.

Esses pontos foram descobertos no século XVIII, de modo que foi confirmada a existência de cinco deles em sistemas aplicáveis, como o sistema Sol-Terra, o sistema Terra-Lua, dentre outros.

No sistema Terra-Lua, por exemplo, dois desses cinco pontos (L4 e L5, ou pontos de Tróia, como são chamados) formam um triângulo de lados iguais, junto a Terra e a Lua.

Em teoria, as partículas planetárias poderiam ficar presas dentro desses pontos, se não fosse a perturbação gravitacional causada por corpos maiores (como o Sol, neste caso) ou forças desestabilizadoras (como o vento solar) que acabam por obrigando-as a voar para campos mais abertos.

Em 1961, o astrônomo polonês Kazimierz Kordylewski tornou-se o primeiro cientista a reivindicar com provas fotográficas esse fenômeno de acumulação de poeira, embora a extrema desintegração de quase 400.000 quilômetros de distância tivesse tornado as observações difíceis de serem confirmada.

No entanto, o estudo recente conseguiu fazê-lo. Primeiro, os pesquisadores modelaram como as nuvens de Kordylewski se formavam, com quase 2 milhões de simulações de partículas.

Isso confirmou que as faixas de poeira interplanetária ficariam presas em L5, mesmo que temporariamente, antes de escapar, dependendo das configurações orbitais.

De acordo com os pesquisadores, as nuvens de Kordylewski têm uma forma contínua, pulsante e giratória, enquanto que a probabilidade de partículas de poeira serem capturadas é aleatória devido à entrada ocasional de partículas e seus vetores incidentais de velocidade. Portanto, determinaram que a estrutura e densidades das partículas dentro da KDC não são constantes.

Para a segunda parte da pesquisa, os cientistas tentaram fotografar o fenômeno. A equipe capturou evidências da nuvem usando uma técnica chamada polarimetria de imagens sequenciais.

Eles explicaram que, como a nuvem de poeira é iluminada pela luz direta do sol, a luz fraca espalhada pelas partículas pode ser observada e fotografada da superfície da Terra com detectores sensíveis à radiação.

Entretanto, as evidências fotográficas da acumulação semelhante em L4 é algo que ainda deve ser considerado hipotético, embora a nova pesquisa forneça um forte argumento para a teoria de Kordylewski. Os resultados da pesquisa foram publicados no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Science Alert Fotos: Reprodução / Science Alert

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