Após décadas, culto assustador conhecido como “A Família” é finalmente exposto

de Gustavo Teixera 0

Os anos 60 e 70 foram famosos pelo início de uma era de abertura espiritual, música e descobrimento pessoal. Infelizmente, esse período também marcou o surgimento de muitos cultos obscuros que se estenderiam de São Francisco ao Japão. 

Um culto na Austrália, chamado “A Família”, foi exposto em um recente documentário. Mesmo que seus seguidores – principalmente crianças – tenham sido desconectados do grupo por décadas, o trauma de viver no ambiente altamente abusivo ainda assombra todos.

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“A Família” era liderada por Anne Hamilton-Byrne, uma professora de yoga carismática cujas práticas para criar uma “raça de mestres” eram em grande parte antiéticas e quase homicidas, de acordo com informações do Boredom Therapy.

Quando jovem, Anne nunca conheceu seu pai e sua mãe estava gravemente doente, o que poderia explicar seus problemas psicológicos. Em 1963, Anne Hamilton-Byrne conheceu o altamente respeitado físico britânico Dr. Raynor Johnson. Juntos, e sob a influência de drogas como LSD, eles começaram a dar aulas chamadas “O Macrocosmo e o Microcosmo”.

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As reuniões se tornaram cada vez mais religiosas e incorporaram uma mistura de cristianismo e hinduísmo. Durante uma viagem de LSD, Anne teve uma visão que era a reencarnação de Jesus, e que uma terceira guerra apocalíptica estava a ponto de exterminar a maioria da humanidade. 

Na mente de Anne, cabia a ela criar filhos que fossem capazes de criar uma “raça mestra” na esteira do apocalipse. Através de fraudes e meios questionáveis, ela adotou crianças ao longo dos anos 70 e 80. Catorze foram considerados seus filhos biológicos com o marido, Bill Byrne, enquanto outros nasceram de membros do culto. Para Anne, eram todos seus filhos. 

Anne preferia que as crianças tivessem cabelos loiros com cortes idênticos. “Eu queria que eles parecessem irmãos e irmãs”, disse ela. Mas as crianças nem sempre eram tratadas com amor. Segundo relatos, passaram fome, sofreram violência, e foram obrigados a usar LSD. Quando questionada por que ela aprisionou 28 crianças, Anne respondeu apenas: “Eu amo crianças.” 

Anne e Bill criaram uma escola especial para as crianças, para que elas não fossem “contaminadas” pelas informações do mundo exterior. Anne foi uma das poucas líderes mulheres do culto no mundo. Em um ponto, ela teve até 500 seguidores. Anne foi filmada dizendo: “Recebemos a chamada – e grandes coisas serão feitas”.

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Um problema surgiu para Anne e “A Família” em 1983, quando a polícia visitou a sede em Victoria, na Austrália em busca de uma menina desaparecida. A criança não foi encontrada, mas os policiais ficaram desconfiados do que acontecia na área. Mas, em 1986, a polícia já tinha provas suficientes de que crianças de 13 anos de idade tinham LSD injetado contra sua vontade. Isso provocou a primeira de muitas investigações.

Em 1987, depois que duas crianças escaparam da propriedade, a polícia pôde invadir o complexo para salvar mais seis. Surpreendentemente, Anne e seu marido, Bill, só foram acusados ​​de fraude por falsificação de certidão de nascimento. Agora aos 96 ​​anos, Anne nunca foi condenada por seus crimes. Ela se recusou a assumir a responsabilidade e vive com problemas mentais em uma casa de repouso.

Um documentário, “The Family”, foi lançado no final de fevereiro de 2017 e incluiu testemunhos horripilantes de alguns dos envolvidos no culto. Assista ao trailer abaixo:

Um desses testemunhos foi de um homem que cresceu no culto. Ele contou uma terrível lembrança de líderes batendo em uma menina com uma fivela de cinto. “A Família” foi um culto horrível liderado por uma mulher claramente doente. O documentário revela mistérios sobre isso de uma maneira que nunca tinha sido feita antes.

Fotos: Reprodução / Boredom Therapy

Jornal Ciência