Afinal, o que escondem os arquivos secretos do Vaticano?

de Merelyn Cerqueira 0

Durante séculos os arquivos secretos do Vaticano foram um segredo de que poucos tinham ciência.

Os que sabiam especulavam que guardavam provas da existência de vida de extraterrestres ou negavam completamente a existência de Jesus. A verdade por trás deles, no entanto, é muito mais simples.

Segundo historiadores, o lugar onde os documentos estão guardados recebe o nome de Arquivo Secreto por um simples erro de tradução do latim (Archivum Secretum). O termo correto seria algo como “arquivo privado”, “exclusivo”, ou “pessoal”. Eles, basicamente, guardam informações acumuladas sobre os papas e a Igreja.

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A verdadeira importância desse arquivo é que os documentos guardados nele explicam uma série de acontecimentos históricos e seculares do Ocidente, e este é o “segredo” que o Vaticano guarda ciosamente. Contudo, para alguns papéis essa cautela é fundamentada.

O Archivum Secretum possui quase 85 quilômetros de prateleiras lineares que abrigam mais de 150 mil documentos que abrangem cerca de oito séculos de história. Fundado em 1612, o arquivo começou público para que os estudiosos católicos tivessem a oportunidade de estudar a história da Igreja, mas foi fechado em 1881.

Atualmente, se você é um estudante ou historiador, certamente pode pedir permissão para consultar os papéis.

O que não pode é andar livremente pelos corredores do arquivo ou consultar mais de três documentos por dia.

Contudo, a ação requer paciência, uma vez que muitos dos arquivos não estão devidamente catalogados, e fluência em latim, já que todos foram escritos nesse idioma.

Ao longo dos séculos, os arquivos secretos do Vaticano foram vítimas de pilhagem e saques, especialmente quando Napoleão transferiu todos os papéis para Paris. Mas, quando o general foi derrotado, os documentos remanescentes retornaram ao local de origem, embora os outros tenham sido perdidos pelo tempo. Entre os documentos que você pode consultar no Arquivo Secreto do Vaticano estão:

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  • – Um rolo de 60 metros descrevendo o julgamento dos Cavaleiros Templários em 1307;
  • – As bulas papais de 1493 que dividiram o mundo entre Espanha e Portugal, feitas pelo papa Alexandre VI;
  • – O pedido de Henry VIII ao papa Clemente VII para anular seu casamento com Catarina de Aragão, feito em 1530;
  • – A bula do ano de 1521, quando o papa Leão X excomungou Martinho Lutero;
  • – Uma correspondência relacionada a um processo contra Galileu feita em 1633;
  • – Cartas de figuras históricas importantes, como Michelangelo (pintor renascentista), Maria (Rainha da Escócia), Lucrécia Bórgia (filha ilegítima do papa Alexandre VI), Abraham Lincoln (16º presidente dos EUA) e Jefferson Davis (presidente dos Estados Confederados), estes dois últimos pediam apoio do papa para cada um de seus lados na Guerra Civil Americana.
  • – Uma correspondência emitida durante a Segunda Guerra Mundial pelo papa Pio XII a Hitler e Mussolini.

Felizmente, os documentos mais antigos estão passando por um processo gradual de digitalização, feito todos os dias por restauradores oficiais do Vaticano.

Aos poucos, esses documentos serão expandidos para que possam ser mais amplamente consultados. No entanto, e por uma série de razões, alguns permanecerão sigilosos.

Há um site oficial do Arquivo  na internet. Embora esteja em italiano, ele traz orientações importantes de como entrar no local e o que pode ou não ser feito lá dentro.

Fonte: Super Curioso Fotos: Reprodução / Super Curioso

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