TOP 5 fatos sobre a pedofilia que você talvez não saiba

de Merelyn Cerqueira 0

Os casos de abusos sexuais são frequentes na imprensa mundial. No entanto, e de acordo com informações publicadas pela revista Galileu, há uma certa confusão em relação a abordagem do assunto quando tratado na esfera pública. Pelo lado científico, a compreensão da pedofilia, pelo ponto de vista biológico como social, progrediu bastante graças aos avanços tecnológicos.

Logo, a revista selecionou alguns fatos que poderão ajudar a compreender melhor as razões desse tipo de crime brutal, que deixam consequências incalculáveis na saúde física e mental de milhares de crianças.

1 – Nem todo abusador de crianças é um pedófilo, e nem todo pedófilo pratica crimes sexuais

“Pedófilo” refere-se a uma pessoa capaz de sentir atração sexual por crianças. Logo, isso não significa que ela seja um abusador ou consuma conteúdo pornográfico infantil. Da mesma forma, nem todo ato de violência sexual praticado contra uma criança é realizado por um pedófilo. Há na literatura científica casos relatados de pedófilos que procuraram tratamentos para conter a libido em relação as crianças, sem nunca terem cometidos crimes contra elas. Dessa forma, também há uma série de registros de ocorrências feitos por pessoas que não possuem qualquer fixação por menores. Em especial, casos de incesto, em que há laços familiares entre vítima e abusador.

De acordo com um artigo chamado The Neurobiology and Psychology of Pedophilia: Recent Advances and Challenges (A Neurobiologia e Psicologia da Pedofilia: Avanços Recentes e Desafios), disponibilizado pela US National Library of Medicine National Institutes of Health, apenas 50% dos casos de abuso sexual infantil são praticados por pedófilos.

2 – Substância branca no cérebro de pedófilos

O campo da neurociência, nas últimas décadas, se dedicou a analisar possíveis influências biológicas sobre esse tipo incomum de atração sexual. De acordo com o pesquisador James Cantor, da Universidade de Toronto, em uma pesquisa publicada em 2008 pela revista Journal of Psychiatric Research, há menos substância branca – um conjunto de células gliais e axônios mielíticos –  no cérebro dos pedófilos. Essa “substância” em questão é responsável pelo isolamento elétrico, conexão entre várias partes do órgão e outras funções de apoio.

Logo, essa deficiência poderia explicar as distorções comportamentais, como o instinto de proteção, que normalmente os adultos costumam sentir em relação as crianças, com desejos sexuais.

3 – A pedofilia é uma questão de escolha?

Na verdade, trata-se de uma condição psicológica, provavelmente incurável, e para a qual ainda não existem muitas formas alternativas de tratamento. A pedofilia, em suma, é uma espécie de orientação sexual definida pela condição etária, que, de todas as formas, possui severas implicações éticas.

Uma solução para conter esse tipo de transtorno nos pedófilos é tentar controlar o impulso sexual por meio de medicações que reduzam os níveis de testosterona ou sessões de terapia, que mesmo sem base científica, podem colaborar.

4 – Não é só o ato sexual, mas a convivência com as crianças

Os pedófilos, geralmente, têm dificuldades de estabelecer convívios sociais com adultos, no entanto, são capazes de estabelecer fortes laços emocionais com crianças, que vão além do prazer sexual. Logo, devido a essa aproximação, uma criança não é capaz de perceber o momento de transgressão, sentir-se incomodada pelo ato e tampouco fazer objeções, isso porque ela teme colocar essa relação em risco.

De acordo com a especialista em tratamento de pedófilos da Universidade do Arizona, EUA, parte da solução envolve aumentar a aproximação da criança com outros adultos.

5 – Apenas uma minúscula parcela dos casos de crimes sexuais contra crianças chega às autoridades

De acordo com informações do Centro Nacional de Vítimas de Crimes, dos Estados Unidos, no país, estima-se que 1 a cada 5 meninas e 1 a cada 20 meninos, já foram vítimas de alguma forma de abuso sexual.

Os casos mais brutais, no entanto, podem ser vistos nos noticiários à exaustão, mas essa, no entanto, é uma pequena parte das ocorrências. Na maioria das vezes, a pedofilia se manifesta através de abusos imperceptíveis, como a mera observação de crianças em situações cotidianas, especialmente quando há uma maior exposição do corpo; a masturbação na frente de menores, com carícias e intenções ambíguas e também os casos de incesto, em que a descoberta é ainda mais difícil.

De acordo com o ginecologista Jefferson Drezzet, do hospital Pérola Byingto, em entrevista a Galileu, “a maior parte dos casos são praticados por pessoas conhecidas, e, do total desses conhecidos, 80% ou 90% fazem parte do núcleo familiar […] Há também um grupo muito grande de pessoas que não são do núcleo familiar, mas que têm acesso privilegiado à rotina da criança. Isso torna muito difícil a identificação e interrupção do abuso”.

[ Galileu ] [ Foto: Reprodução / Flickr ]

Jornal Ciência