Por que beijamos? Por que humanos sentem vontade ou necessidade de beijar?

de Redação Jornal Ciência 0

Beijo ou ósculo, é romântico, mas também pode ser uma experiência repugnante para alguns e, para outros, até mesmo perigosa do ponto de vista da saúde. De acordo com a filematologia — sim, existe um ramo da ciência apenas para estudar o beijo —, romance pouco tem a ver com isso.

Em um beijo, casais trocam 9ml de água, 0,7mg de proteína, 0,18mg de compostos orgânicos, 0,71mg de gorduras e 0,45mg de cloreto de sódio, além de 10 milhões a 1 bilhão de bactérias — isso depende do nível de higiene bucal que seu parceiro(a) tenha —, de acordo com algumas estatísticas.

Muitos organismos patogênicos podem ser transmitidos através do contato boca a boca, incluindo causadores de resfriados, gripes, viroses respiratórias, herpes simples, tuberculose, sífilis e diversos outros.

Realmente, romance tem pouco a ver com o porquê de nós, como espécie, sermos atraídos por esse tipo de contato. Os seres humanos tendem, biologicamente, a empurrar seus rostos, esfregar o nariz, tocar os lábios ou língua — e isso está no nosso DNA.

Basicamente, o beijo é um comportamento típico do acasalamento, codificado nos nossos genes. Nós compartilhamos a grande maioria desses genes com as espécies de mamíferos, mas até o momento, apenas os humanos possuem o beijo como algo importante — embora primatas como chimpanzés também beijem e há registros de que as orcas também podem tocar a língua, mas nada comparado com o nosso comportamento.

Mas os motivos de beijarmos permanecem ocultos, mesmo para os cientistas que passaram décadas estudando o comportamentoNão é possível dizer o que é o fator principal: se as pessoas se beijam por causa de uma atração psicológica ou por causa de um desejo subconsciente de acasalamento com o parceiro escolhido.

O mais provável, é uma combinação de ambos. “Você não pode ter qualquer coisa psicológica sem um cérebro biológico”, diz o Dr. Rafael Wlodarski, que dedicou grande parte de sua carreira à filematologia.

Dr. Rafael, pesquisador de pós-doutorado no grupo de pesquisa em neurociência evolucionária social da Universidade de Oxford, descobriu que o beijo ajuda as pessoas a escolherem um companheiro.

A saliva está cheia de hormônios e outros compostos que podem fornecer uma maneira de avaliar quimicamente um parceiro, ou seja, o cérebro biológico atua. As mulheres são mais propensas a dizer que o primeiro beijo pode ser o decisivo para a seleção de um companheiro.

“As mulheres têm que ser mais seletivas, pois enfrentam maiores consequências quando fazem uma escolha errada para o acasalamento”, diz o Dr. Rafael.

Curiosamente, Dr. Rafael e seus colegas de Oxford descobriram, a partir de estudos, que pessoas que se beijam mais frequentemente pareciam ser mais felizes e satisfeitas em seus relacionamentos, enquanto a frequência sexual desses casais não fazia nenhuma diferença no nível de felicidade.

Dr. Rafael diz que um dos maiores enigmas (ainda longe de respostas) é que, de fato, beijar faz as pessoas sentirem-se mais conectadas. Ele diz ainda que beijar o rosto é uma modificação evolutiva apresentada em sociedades maiores e mais complexas, como sinal de respeito ou admiração.

O beijo molhado e escandalizado que damos à pessoa que amamos, em nossos mais íntimos momentos é uma convenção moderna ocidental que vem dos últimos 2.000 anos.

Um estudo publicado em 2015 descobriu que menos da metade das culturas envolve o beijo romântico e sexualizado.

Há evidências na história humana sobre, no passado, o beijo ser restrito ao rosto ou a esfregar os narizes. Em textos Hindus, em sânscrito, o beijo foi descrito como um modo de inalar as almas um do outro, mostrando o quão complexo era este ato nas diversas culturas.

Para o Dr. Rafael Wlodarski, a filematologia ainda precisa caminhar muito nas pesquisas sobre o beijo dentro do comportamento humano, sua relação com as diversas culturas e conexões que usam o DNA, o comportamento social e psicológico para continuarmos com este ato tão prazeroso.

Fonte(s): Smithsonian Imagens: Reprodução / Washington Post

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