Segundo um novo estudo, 90% das pessoas podem ser classificadas em: otimistas, pessimistas, confiantes ou invejosos. Você tem ideia de qual delas você é?
Jogos e prisioneiros
Os seres humanos interagem uns com os outros o tempo todo, mas esse convívio é difícil de ser estudado. Nos últimos anos, a Teoria dos Jogos surgiu como uma grande ferramenta para analisar as interações humanas. É “o estudo de modelos matemáticos de conflito e cooperação entre as decisões racionais inteligentes”. Simplificando, você pode simular diferentes cenários e oferecer opções com recompensas e punições para as suas decisões, observando como as pessoas agem. O exemplo mais clássico é o Dilema do Prisioneiro. O jogo basicamente diz:
Duas pessoas são presas e colocadas em confinamento solitário, sem poder se comunicar. Não há provas suficientes para condená-las, então é oferecido um acordo:
- Se um delatar o outro, cada um recebe 2 anos de prisão;
- Se A delata B, mas B permanece em silêncio, A será libertado e B receberá três anos de prisão (e vice-versa);
- Se ambos permanecem em silêncio, ambos vão servir um ano de prisão;
Parece muito simples, já que se os dois ficarem quietos, vão ficar apenas um ano na prisão. Mas se eles escolherem a primeira opção, que é um total de quatro anos de prisão, e o segundo com um total de três anos de prisão, consideramos que a segunda opção é a melhor.
Mas ao se colocar no lugar dos prisioneiros, só há dois resultados possíveis:
- Seu amigo te trai;
- Seu amigo não te trai.
Se o seu amigo trai você, é melhor você oferecer as informações – caso contrário, receberá três anos de prisão enquanto ele ficaria livre. Se o seu amigo não trai, a melhor opção é dedurar, já que você vai sair livre. Portanto, não importa o que ele faça, a melhor opção é trair. Logicamente, ambos irão trair e acabam ficando dois anos na prisão, que é o pior resultado possível para o grupo.
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Jogos como o Dilema do Prisioneiro são estudados em grande escala e com altos graus de complexidade. Neste estudo, pesquisadores de várias universidades na Espanha analisaram as respostas de 541 pessoas de variados cenários sociais, agrupando-as de acordo com a escolha de ajudar ou criticar. “Os envolvidos são convidados a participar em pares. As duplas são mudadas, não só em cada rodada, mas também cada vez que o jogo muda”, explicou Anxo Sánchez, um dos autores do estudo.
Os jogos foram realizados de uma forma semelhante ao Dilema do Prisioneiro: cooperar sempre renderia o melhor resultado. “Então, a melhor opção poderia ser cooperar. Desta forma, podemos obter informações sobre o que as pessoas fazem em diferentes situações sociais“, comentou Sánchez. Os resultados foram tabulados e os cientistas encontraram quatro grupos de personalidade. Eles são:
- Otimistas: as pessoas que trabalham na suposição de que o seu parceiro vai tomar a decisão certa.
- Pessimistas: as pessoas que esperam o pior de seu parceiro.
- Confiantes: aqueles que cooperam, mesmo se não há nada surpreendente.
- Invejosos: não se importam com a conquista, querem apenas ser melhor que os outros.
O mais surpreendente é que o grupo dos “invejosos” foi o com mais pessoas, chegando a 30%. Já 10% dos participantes tiveram comportamentos demasiado inconsistentes para serem agrupados em qualquer grupo.
O estudo tem como objetivo compreender como podemos incentivar a participação dos cidadãos. Se nós soubermos como as pessoas estão dispostas a colaborar, podemos motivá-las a se envolverem em atividades cívicas. “Um dos princípios fundamentais deste estudo é o fato de que o experimento foi desenvolvido de modo a incentivar a participação dos cidadãos no âmbito de uma das atividades públicas da cidade”, comenta Josep Perelló, líder do grupo OpenSystems – em Matéria Condensada Departamento de Física da Universidade de Barcelona – e também coordenador do Citizen Science Office Barcelona.
[ ZME Science ] [ Fotos: Reprodução / ZME Science / Pixabay ]