Qual o segredo para o sucesso? Pesquisadores acreditam ter a resposta!

de Merelyn Cerqueira 0

Todos os anos, centenas de faculdades e universidades em todo o país recebem milhões de estudantes na busca de formação acadêmica.

A ideia destes é que, através do diploma e trabalho duro conquistem carreiras de sucesso. Em um artigo publicado originalmente pela The Conversation, Melissa Ferguson, professora de Psicologia na Universidade de Cornell, e Clayton Critcher, professor associado de Marketing, Ciência Cognitiva e Psicologia na Universidade da Califórnia, dissertaram sobre o tema a partir de estudos realizados por ambos.

De acordo com eles, no caminho da formação acadêmica existem obstáculos importantes a serem ressaltados, e eles não envolvem a dificuldade das tarefas ou exames, mas sim distrações, como bares e festas por exemplo. “Em nosso trabalho, descobrimos que fazer perguntas como: “Quão importante você acha que é se dar bem na faculdade” nos dá essencialmente nenhuma informação sobre quem se sairá melhor em relação a notas”, escreveram.

Agora, por que existe essa desconexão entre intenções e ações? E como podemos prever quem tem o “dom” para o sucesso, se não podemos confiar no que as pessoas dizem?

Segundo os especialistas, quando pessoas são convidadas a responder diretamente o quão importante acreditam que é ter sucesso em um objetivo, elas acabam relatando suas “crenças explícitas”. Basicamente, tais crenças podem refletir aspirações pessoais e intenções sinceras, mas nem sempre podem mapear uma inclinação de persistência.

As crenças implícitas, por outro lado, são associações mentais que podem ser medidas indiretamente. Assim, ao invés de perguntar diretamente a uma pessoa sobre o que pensa sobre um tema, as medidas implícitas podem ser mensuradas a partir de tarefas informatizadas que medem o tempo de reação das pessoas ao associarem importância a algo. Logo, tais associações são fundamentais para entender e prever uma série de comportamentos cotidianos, desde os mais mundanos (sobre o que as pessoas comem), até os monumentais (como as pessoas votam).

As associações implícitas podem prever o sucesso?

Para descobrir isso, ao invés de medir as crenças explícitas das pessoas sobre a importância de seus objetivos, os pesquisadores mediram as implícitas em relação a áreas específicas (como os trabalhos acadêmicos, por exemplo) e depois avaliaram o sucesso e persistência em tarefas relevantes (como notas, por exemplo). Para isso, os pesquisadores utilizaram um teste digital chamado de IAT (Teste de Associação Implícita), que poderia ser realizado em apenas sete minutos.

Além deste, mais cinco estudos foram realizados para medir a associação cognitiva entre “importância” e “trabalho acadêmico”. Os pesquisadores pediram a eles que indicassem rapidamente se uma série de palavras específicas poderia ser relacionada com os medidores citados – “trabalho acadêmico, “importância” ou “insignificância”.

Ferguson e Critcher descobriram que a crença implícita dos estudantes universitários em relação ao “trabalho acadêmico” estava associada às notas mais altas.

No entanto, a partir daí outras dúvidas surgiram. Poderiam os milissegundos de diferenças de tempo de reação capturar significativamente as crenças das pessoas e prever o sucesso de seus objetivos? Ou então, será que um teste de sete minutos de duração poderia indicar quem teria as notas mais altas na faculdade?

Segundo os pesquisadores, sim. “E nós não observamos essa relação apenas uma vez. Descobrimos que em umas e outras, sete estudos diferentes, executados em laboratórios diferentes e com diferentes populações, foram capazes de prever diferentes tipos de persistência e sucesso”, escreveram.

Em cinco dos estudos eles descobriam que as crenças implícitas dos universitários em relação à importância dos trabalhos acadêmicos de fato previam as notas mais altas. E as análises não foram limitadas apenas ao desempenho na faculdade, mas também outros objetivos – como ir à academia, por exemplo. Aqueles que mostraram uma forte associação entre “importância” e “exercícios físicos”, eram significativamente mais propensos a frequentar de forma mais intensa as aulas de academia.

No entanto, assim como qualquer outro ensaio, esse não era perfeito. Nem sempre os pesquisadores conseguiram prever todos os casos de sucesso e falha, apenas uma visão provável do que aconteceria. 

Por outro lado, o trabalho soma a um corpo crescente de evidências que as associações implícitas, normalmente escondidas dentro de cada mente, podem oferecer novos insights sobre muitas decisões e comportamentos cotidianos, bem como prever o sucesso em algumas das tarefas mais difíceis da vida.

Questões em aberto

Apesar dos resultados, os pesquisadores salientam que algumas questões ainda permanecem em aberto. Por exemplo, qual a importância das crenças implícitas na questão do “trabalho duro”? Será que elas levam as pessoas a se dedicarem mais e fazerem melhor, ou simplesmente identificam quem provavelmente terá mais sucesso? Ainda, será que elas têm efeitos reais sobre as perspectivas de sucesso? Dessa forma, podemos concluir que mais pesquisas precisam ser feitas sobre o assunto para, que sabe, chegarmos mais perto dessas respostas.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Pixabay ]

Jornal Ciência