Pai que usa fraldas por fetiche é proibido de ver os filhos; saiba tudo sobre a autonepiofilia

A ciência já descreveu mais de 549 tipos de parafilias. Uma das mais curiosas é a autonepiofilia

de Redação Jornal Ciência 0

Um homem, que sente vontade incontrolável de usar fraldas, foi proibido de ver seus filhos por ordem judicial devido ao fetiche incomum.

O homem, que teve seu anonimato preservado para não sofrer perseguição pública (todas as imagens desta reportagem são ilustrativas de outros casos de autonepiofilia) recebeu a sentença do Tribunal de Família da Austrália.

Sua ex-esposa entrou com uma ação legal depois que o pai começou a usar fraldas perto dos filhos. Ele alega acreditar estar sofrendo de discriminação pela juíza por seu estilo de vida, e planeja levar seu caso ao Supremo Tribunal da Austrália, para exigir seus direitos paternos.

A ex-esposa sempre soube de seu fetiche em usar fraldas e concordava, mas argumentou no processo que ele começou a usar fraldas pela casa, na frente dos filhos. A mãe tem medo de que, à medida que as crianças cresçam, o comportamento do pai possa impactá-las negativamente.

No divórcio, ambos concordaram em dividir as responsabilidades de criar, com única condição de que o pai manteria o hábito das fraldas longe do conhecimento das crianças.

Mas, em 2019, o pai apareceu de fraldas, parcialmente expostas, para buscar os filhos. Foi aí que a mãe decidiu entrar na justiça para proibir o contato. O tribunal proibiu o pai de ver os filhos em 2021. Uma nova apelação foi realizada mês passado, mas foi negada novamente a possibilidade de ter contato com os filhos.

A juíza Hilary Hannan, do Tribunal de Família Australiano, disse que tem receio sobre o comportamento e não aceita que o pai exerça essa vontade ou comportamento, nem mesmo em casa, sozinho, ou em convívio social.

O caso foi relatado no jornal The Daily Telegraph. O homem descreveu a decisão da juíza Hannam como “horrível e injusta”. Ele nega ter exposto os filhos ao fetiche e alegou discriminação.

“O que eu escolho fazer na privacidade da minha própria casa, sem a presença de crianças, é da minha conta. É uma atividade inofensiva e não afeta ninguém”, disse em entrevista. A juíza Hannam alega que, se seu fetiche for descoberto pelos filhos ou pela sociedade, as crianças seriam ridicularizadas, sofrendo danos psicológicos.

O que são parafilias?

As parafilias são perturbações do comportamento sexual. As preferências sexuais desses indivíduos são consideradas incomuns.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Psiquiátrica Americana, diz que existem parafilias que são apenas interesses sexuais por coisas incomuns e existe o Transtorno Parafílico. São coisas diferentes.

No caso do transtorno, pode gerar comportamentos não saudáveis, fantasias e impulsos intensos referentes a objetos ou situações, não sendo considerado sexualmente atrativo para a maioria das pessoas.

Dentre as mais de 549 parafilias documentadas, estão as mais comuns que muitos conhecem: zoofilia (desejo por animais), necrofilia (mortos), coprofilia (fezes), urofilia (urina), masoquismo (humilhação e sofrimento) etc.

O que é autonepiofilia?

Também chamada de Infantilismo ou Síndrome do Bebê Adulto, consiste na excitação sexual ou prazerosa através do uso de fraldas, acessórios de bebês, chupetas e mamadeiras. Durante o uso, se comportam como recém-nascidos e gostam de ser tratados assim.

Alguns possuem até babás e existem creches especializadas no fetiche e, geralmente, namoram ou se casam com pessoas que aceitam seu desejo — embora encontrar um parceiro seja difícil e muitos ficam solteiros. Também é comum que as mães acabem tratando o filho adulto como bebê, evitando contrariá-los.

Pessoas com autonepiofilia gastam muito dinheiro com sua fantasia, construindo em casa quarto de bebê, berços gigantes, comem papinha para neném e pedem que o parceiro ou cuidador os peguem no colo, façam carinho e troquem suas fraldas molhadas de xixi.

A autonepiofilia NÃO tem nenhuma conexão com pedofilia. Os “bebês adultos” não sentem atração em relação às crianças. O desejo que sentem está 100% relacionado em serem tratados como bebês, por isso o nome clínico de infantilismo.

O prazer vem da humilhação de um adulto usar fraldas, sentir o tecido molhado em contato com a pele até que alguém possa trocá-lo, criando assim um “personagem” infantil, o que pode ser socialmente ridicularizado.

Para quem pensa que o comportamento é raro, irá se surpreender com a pesquisa feita pelo documentário britânico 15 Stone-Babies, mostrando que, apenas no Reino Unido, entre 200.000 e 500.000 pessoas gostam de se sentir como um bebê.

Quais as causas?

Alguns psiquiatras acreditam que possa estar relacionado à Síndrome do Peter Pan — ou seja, pessoas que não querem crescer, assumir responsabilidades. Mas, isso vai contra a realidade, pois a maioria tem famílias, filhos, empregos estáveis e vivem como adultos na sociedade.

Psicólogos acreditam que não existe uma única causa para a autonepiofilia. Uma possibilidade apontada pode ser um tipo de “regressão”, onde a pessoa volta ao estado infantil para lidar com o estresse da vida.

A autonepiofilia não foi estudada em profundidade pela Psiquiatria e Psicologia, habitando ainda os meandros dos mistérios do cérebro e do comportamento. O canal 4, do Reino Unido, exibiu o documentário 15 Stone-Babies (veja um pedaço do vídeo abaixo). 

A National Geographic também exibiu programa com a mesma temática, assim como o canal TLC. Na Espanha, o canal Cuatro mostrou o programa Adult Babies, com diversas pessoas com autonepiofilia.

Por que não procuram ajuda?

Muitas pessoas com autonepiofilia não buscam ajuda porque não consideram um problema, mas sim um modo de vida que não afeta ninguém, já que sabem conciliar a vida social “adulta” com o modo “secreto” que vivem em suas casas.

Geralmente, são humilhados socialmente quando descobertos, e demora muito tempo para achar um parceiro que aceite estar dentro dessas condições de fetiche. É um assunto complexo, polêmico e que está longe de ser totalmente esclarecido pela neurociência e estudiosos da mente.

Fonte(s): Independent / A Mente É Maravilhosa / Saúde Bem-Estar Imagens: Reprodução / Muy Interesante / Indy100 / Redes Sociais

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