Os mamilos supranumerários, fenômeno em sua maioria benigno, podem afetar tanto homens quanto mulheres, sendo ainda motivo de muito debate e pesquisas sobre suas origens e causas.
Novas estudos descobriram que um tipo comum de crescimento, conhecido como sulcos mamários, pode se desenvolver seguindo linhas que vão desde a parte superior das axilas, passando pelos seios, até a área púbica e a parte superior interna da coxa.
Os cientistas identificaram que os múltiplos pares simétricos de “gemas mamárias” se desenvolvem nestes “sulcos” durante a embriogênese. Entretanto, antes do nascimento, apenas dois desses pares permanecem.
Mas, descobriu-se que, em certos casos, permanecem conjuntos extras de “gemas mamárias”, resultando na formação de mamilos supranumerários, também conhecidos como politelia, ou mesmo glândulas mamárias completas, chamadas polimástia.
Nos últimos anos, cresceu o número de relatos de casos de crescimento de mamilos extras em locais incomuns. Os mais raros são, geralmente, no arco do pé (sola), enquanto outros pacientes experimentam crescimento de um novo mamilo em cima de um dos mamilos normais.
A politelia não representa nenhuma ameaça à saúde, além de possíveis complicações físicas (raramente) e/ou situações constrangedoras.
Os mamilos supranumerários foram considerados suscetíveis às mesmas patologias que os mamilos mamários normais. Em casos de polimástia, onde um seio praticamente completo é formado, os cânceres mamários podem se desenvolver nestas glândulas adicionais, tanto em homens quanto em mulheres.
Crenças anteriores e prevalência
Acreditava-se anteriormente que os mamilos extras eram vínculo com nosso passado evolucionário. Mas, as causas e motivos parecem ser muito mais complexos do que apenas isso e nenhum estudo chegou, de fato, a uma conclusão aceita por toda a comunidade científica.
Algumas pessoas possuem até 6 mamilos adicionais, além dos dois que são padrão. Entretanto, o mais comum é apenas um mamilo extra. Já foram registrados casos de pacientes com 8 mamilos.
Em 1878, um pesquisador chamado Leichtenstern publicou a descrição formal da condição em uma revista científica alemã. Em estudo recente, foi estimado que 1 em cada 500 indivíduos possui “mamilos supranumerários”. Mas, especialistas divergem e números variam, chegando até 6%.
De acordo com a BBC, outros estudos mostram taxa de 2,5% para bebês israelenses, 4,7% para crianças israelenses-arábicas e 5,6% para crianças alemãs.
Outros estudos mostram que mulheres japonesas são mais propensas, com 5% tendo mamilos extras, em comparação com apenas 1,6% dos homens japoneses.
Mas, em termos gerais, os novos estudos mostram que a média de prevalência é maior em homens do que em mulheres, especialmente do lado esquerdo do corpo. O motivo é desconhecido pela ciência.
Para algumas etnias, a ocorrência é considerada rara, variando com base na região geográfica e métodos de detecção. Os mamilos supranumerários foram classificados como “doença rara” pelos EUA, indicando que estão presentes em menos de 200.000 indivíduos no país.
Não é novidade
De acordo com descobertas recentes, os mamilos supranumerários podem se formar, seja como um seio extra completo (categoria 1) ou apenas um mamilo (categoria 6).
Até 13% das pessoas têm mamilos extras localizados acima de seus mamilos regulares, inclusive nas axilas, de acordo com artigo publicado no Southern Medical Journal, pelo Dr. Norman A. Grossl.
Mamilos extras são conhecidos dos seres humanos há séculos, mesmo antes da medicina moderna. Nos tempos antigos, há milênios, a deusa Artémis era ocasionalmente retratada com múltiplos seios pelos gregos. Enquanto isso, os devotos de Astarte, divindade fenícia, acreditavam que ter seios e mamilos adicionais era um sinal de grande fertilidade.
Mamilos extras já foram considerados sinal de virilidade em homens. Médicos do século XIX acreditavam que homens com mamilos adicionais tinham grande fecundidade, o que hoje sabemos não ser verdade.
Divergências
Os cientistas descobriram que durante o desenvolvimento de um embrião, ele primeiro se assemelha a peixes e ancestrais reptilianos antes de assumir características de mamíferos e, finalmente, se tornar um primata.
Esta descoberta desafia as crenças anteriores e lança nova luz sobre o processo evolutivo. Acredita-se que os seres humanos ancestrais tiveram mais de dois mamilos, assim como ocorre com outros mamíferos: vacas, cães, ratos, porcos etc.
A teoria sugere que quando mamilos adicionais aparecem entre humanos, são resultado de traços ancestrais que foram mantidos durante o desenvolvimento fetal.
Mas, estudiosos rebatem a teoria e dizem que os mamilos adicionais são simplesmente anomalias de desenvolvimento embrionário, mesmo aqueles que aparecem fora das chamadas “linhas de leite”.
Mamilos extras podem passar despercebidos e serem confundidos com marcas de nascença, sendo muito discretos em algumas pessoas.
Teorias recentes e dados históricos
Novas pesquisas sugeriram possível correlação entre mamilos supranumerários e malformações renais ou do trato urinário. A causa da conexão permanece pouco clara.
Acredita-se que os sistemas urinário, renal e mamário podem se desenvolver simultaneamente durante o crescimento embrionário. Análises mostram que indivíduos com mamilos adicionais podem ter frequência maior de defeitos urinários ou do trato renal.
Estima-se que estes defeitos na população tenham frequência entre 1% e 2%. A prevalência destes defeitos entre indivíduos com mamilos adicionais é estimada em até 14,5%. Novamente, existem fortes divergências sobre o tema e outros pesquisadores têm contestado as alegações.
Relatos clínicos históricos de casos revelam histórias extremas. Em 1827, foi relatado uma mulher francesa com um terceiro seio, totalmente formado, na coxa esquerda, que produzia leite normalmente após a mulher dar à luz, de acordo com a pesquisa publicada pelo Dr. Norman A. Grossl.
O Dr. Grossl ainda salientou que os registros mostram que o bebê aceitava o seio da coxa esquerda, da mesma forma que se alimentava dos outros dois normais. A mãe teve 5 filhos, todos alimentados com seus três seios.
Outro relatório de 1980 descreve um caso raro de um mamilo supranumerário ectópico encontrado na coxa posterior de um homem de 74 anos. O relatório detalha uma massa bem formada, com aparência semelhante à de um seio feminino. Os médicos ofereceram ajuda à época, mas o homem se recusava a remover, afirmando que não o incomodava.
Fonte(s): Futura-Sciences / BBC / New York Post / Semantic Scholar / Daily Star / The Sun Foto(s): Reprodução / Wikimedia / Wikipédia / Educalingo / Mediaset / Futura-Sciences
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de - 16/07/2016 17:41