Garra robótica capaz de segurar o coração e mantê-lo batendo promete revolucionar a cardiologia

de Merelyn Cerqueira 0

Um dispositivo desenvolvido para apertar o coração e ajudar a manter o bombeamento de sangue poderia ajudar pacientes operados a não usarem drogas pós-operatórias, bem como evitar que alguma das partes do coração falhe.

O objeto, que até o momento só foi testado em porcos, foi provado ser um sucesso, e os pesquisadores responsáveis pelo projeto, do Hospital Infantil de Boston, esperam que ele possa ser usado em um futuro próximo em humanos com insuficiência cardíaca, segundo informações do Daily Mail.

Atualmente, as únicas bombas disponíveis são feitas de um metal resistente. No entanto, porque o sangue tem que percorrê-lo, ele acaba sendo exposto ao material não natural.

O novo dispositivo, por outro lado, é composto por três partes: uma “garra” em forma de C, que serve para circundar o coração; uma forma de âncora”, que se encaixa no coração para manter a garra no lugar; e uma faixa de borracha macia, que imita o músculo do órgão.

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Crucialmente, a garra robótica poderia ser utilizada em crianças com condições congênitas, que muitas vezes só têm problemas em apenas um lado do coração, limitando o uso de bombas mais invasivas.

“Nós nos propusemos a desenvolver novas tecnologias que ajudassem um ventrículo doente, quando o paciente estiver isolado na insuficiência cardíaca esquerda ou direita, puxar sangue para dentro da câmara e, em seguida, efetivamente bombeá-lo para o sistema circulatório”, explicou o autor principal do estudo, Dr. Nikolay Vasilyev, pesquisador em cirurgia cardíaca no Hospital Infantil de Boston.

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Logo, os pesquisadores criaram duas versões do sistema. Uma para o ventrículo direito e outro para o esquerdo. Em experimentos realizados com animais, o sistema robótico melhorou drasticamente a força dos ventrículos doentes, circulando o sangue de maneira mais eficiente.

De acordo com Dr. Vasilyev, a inovação-chave do sistema é o fato de que sua âncora se conecta com uma região do coração conhecida como septo, que é crucial para o bombeamento de sangue.

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Nas bombas tradicionais, que se fixam no ventrículo esquerdo, há o risco de desencadear o que é conhecido como “desvio de septo”, em que o lado direito do ventrículo esquerdo é empurrado e inflado como um balão. Tal reação pode resultar em insuficiência cardíaca, conforme explicado pelo Dr. Vasilyev.

“Aqui, a garra rígida mantém o septo na posição original, protegendo o lado direito saudável do coração da carga mecânica da assistência ventricular esquerda”, afirmou. Segundo ele, o componente é implantado através de uma agulha no septo intraventricular do coração, na parede do tecido e entre as câmaras do coração, a fim de evitar que o septo deslize sob a pressão do “músculo” artificial.

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“À medida que os atuadores relaxam, bandas elásticas especialmente projetadas ajudam a colocar a parede do coração na posição original, enchendo suficientemente a câmara com sangue”, explicou Vasilyev.

Um dos maiores benefícios deste sistema, segundo o pesquisador, é que o sangue não precisa passar pela bomba, diferente dos modelos atuais.

Nestes, os pacientes que recebem uma bomba para tratar a insuficiência cardíaca ou outros problemas cardíacos tendem a ficarem reféns de medicamentos para prevenir infecções, uma vez que o sangue permanece em contato constantemente com um material não natural. Tais drogas podem vir acompanhadas de efeitos colaterais adversos, especialmente em crianças.

“Pode ser muito difícil manter o equilíbrio da medicação, especialmente em pacientes pediátricos, que correm risco de hemorragia excessiva ou coagulação perigosa”, disse o Dr. Vasilyev. Agora, ele e sua equipe estão trabalhando em modificações no design do dispositivo, considerando questões como portabilidade e miniaturização dos componentes, para que ele possa ser utilizado em humanos.

O estudo relatando o dispositivo foi publicado na revista Science Robotics.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Daily Mail

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