Finasterida e Dutasterida ligados à disfunção erétil incapacitante e persistente mesmo anos após parar de tomar

Os dois medicamentos mais famosos contra a queda de cabelo masculina são alvo de imensa controvérsia. Em estudos, pacientes tiveram disfunção erétil, mesmo anos depois de pararem de tomar e, mesmo tentando medicamentos famosos para ereção, como o Viagra (sildenafila), não havia resposta erétil

de Redação Jornal Ciência 0

De acordo com análises científicas, homens jovens que usam medicamentos para tratar a queda de cabelo podem encontrar um efeito colateral não desejável de disfunção erétil, que pode persistir mesmo depois que eles param de tomar o medicamento.

Um estudo, divulgado na Live Science, homens com menos de 42 anos de idade que usaram um desses dois medicamentos por mais de 205 dias tinham cerca de 5x mais probabilidade de apresentar disfunção erétil de longo prazo do que homens que usaram o medicamento por menos tempo.

A Finasterida foi um dos medicamentos do estudo. Ela pode ser usada para aumentar a espessura do fio de cabelo ou diminuir a próstata, no caso de pacientes com a próstata aumentada por alguma doença. O medicamento altera a forma como as células produzem o hormônio testosterona.

A Dutasterida, outro medicamento também analisado no estudo, é usada com as mesmas funções que a Finasterida, só que de forma “mais potente”, tanto na questão capilar como na diminuição prostática.

De acordo com uma declaração do autor sênior do estudo, Dr. Steven Belknap, professor assistente de pesquisa em Dermatologia da Northwestern University Feinberg School of Medicine, em Chicago, as descobertas que ligam esses medicamentos à disfunção sexual incapacitante devem ser de interesse especial para médicos e pacientes.

De acordo com a pesquisa do Dr. Belknap, os homens que tomam Finasterida ou Dutasterida podem ter disfunção erétil crônica, o que os impede de obter uma ereção regular por meses ou anos após a interrupção do medicamento.

O estudo, publicado na revista PeerJ em 2017, ainda é usado como referência mundial, já que examinou 12.000 homens em um banco de dados de registros médicos de pacientes.

Os cientistas se concentraram em homens de 16 a 89 anos que receberam pelo menos uma prescrição de um dos dois medicamentos, entre 1992 e 2013.

Os pesquisadores também examinaram a dosagem dos comprimidos prescritos aos homens e por quanto tempo eles os tomaram. Eles também procuraram por qualquer diagnóstico de disfunção sexual, incluindo baixa libido, disfunção erétil e disfunção erétil persistente.

Como resultado do uso de Finasterida ou Dutasterida, 1,4% dos homens apresentaram disfunção erétil que persistiu por uma média de cerca de 3 anos e meio depois que pararam de tomar o medicamento.

Os pesquisadores descobriram que, entre os homens de 16 a 42 anos, quanto maior foi o tempo que eles tomaram um dos dois medicamentos, maiores eram as chances de disfunção erétil crônica, independente da dosagem. Estes pacientes tiveram média de quase 4 anos de disfunção erétil após pararem de tomar.

De acordo com o estudo, o tempo que o paciente tomou foi um indicador mais forte do que outras doenças, como diabetes ou hipertensão, que também são relacionadas com disfunção erétil.

Tanto a Dutasterida quanto a Finasterida funcionam impedindo que a Testosterona seja transformada em sua forma mais ativa, a 5-alfa-dihidrotestosterona (DHT).

Como o DHT suprime um sinal químico diferente no corpo que estimula o crescimento das células capilares, ela pode contribuir para a calvície masculina.

A equipe de pesquisadores foi a mesma que concluiu que não havia dados suficientes para provar que a Finasterida era segura para o tratamento da calvície masculina em uma meta-análise publicada em 2015 na revista JAMA Dermatology.

Fonte(s): Live Science / Northwestern Imagem de Capa: Reprodução / Indigolotos via Shutterstock

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