Fibromialgia: Novo exame de sangue promete diagnosticar a doença com precisão, diz médico

Você já passou pela situação de ser desacreditado por parentes e amigos quando disse que foi diagnosticado com fibromialgia?

de Merelyn Cerqueira 0

Cientistas identificaram biomarcadores que testaram confiavelmente a fibromialgia, uma doença incapacitante e ainda considerada, de certo modo, um mistério para ciência, devido aos seus múltiplos fatores e sintomas.

Com a descoberta, os pesquisadores esperam facilitar o diagnóstico, que atualmente ainda é muito difícil e, eventualmente, apontar novos caminhos para melhores tratamentos. Em geral, o diagnóstico é feito com base nos sintomas do paciente e, por mais competente que o médico seja, este pode ser um método falho.

Pessoas com fibromialgia, como a cantora Lady Gaga e a atriz Lena Dunham (da série Girls), sofrem com dores crônicas em diversas partes do corpo, além de uma sensibilidade extrema.

Imagem: Divulgação

Como é feito o diagnóstico?

Embora os sintomas sejam comuns, o diagnóstico é extremamente difícil, afinal, as dores podem ter diversas causas. O diagnóstico é frequentemente feito por exclusão, de modo que os médicos só a aceitam quando descartam todas as outras possibilidades.

A incerteza em torno da doença impediu uma busca por tratamentos, deixando no ar um espaço de descrença. É muito comum encontrar pessoas que acreditam que a fibromialgia é “frescura” ou “exagero” dos acometidos. Muitos, dizem que a doença é puramente psicológica, sem causas físicas.

No entanto, um exame de sangue revolucionário pode mudar esse cenário, de acordo com o Dr. Kevin Hackshaw, da Ohio State University (EUA), embora ainda não esteja pronto para aplicação comercial.

Dr. Kevin Hackshaw, responsável pela pesquisa. Foto: Divulgação.

Como foi a pesquisa?

Em um artigo publicado no Journal of Biological Chemistry, ele descreve uma combinação de moléculas de sangue distintas encontradas apenas em pessoas com fibromialgia. O teste foi aplicado em 50 pessoas diagnosticadas com a doença e 71 com suspeitas de outras três doenças crônicas.

Sem saber qual condição cada um tinha, a equipe utilizou espectroscopia vibracional em proteínas e ácidos sanguíneos para distinguir quem tinha fibromialgia.

Embora o trabalho precise ser replicado em amostras maiores para ser confirmado com segurança, a ausência de erros de diagnóstico foi encorajadora. Todos os pacientes tiveram os resultados corretos, confirmando a eficácia.  

Além disso, os pesquisadores acreditam que o teste tem o potencial de quantificar a gravidade, o que ajudaria a determinar se os tratamentos experimentais estão funcionando.

Os pesquisadores ainda precisam determinar o fator de custo-benefício para ver se o teste será amplamente útil, algo que o Dr. Hackshaw espera conseguir dentro de cinco anos. As estimativas para a frequência da fibromialgia são de 2% da população, embora a gravidade da doença varie muito, e a maioria não tenha sido diagnosticada.

Segundo o Dr. Hackshaw, em um comunicado, a falta de diagnóstico correto da doença pode ser um dos principais fatores contribuintes para a atual epidemia de vício em analgésicos derivados do ópio nos Estados Unidos, como a morfina, codeína, tramadol, fentanil e diversos outros.

Foto de Capa: Reprodução / Opiates

Jornal Ciência