Erisipela: o que é a doença que Bolsonaro tem suspeita de ter?

A erisipela é uma doença que pode ser contagiosa que prejudica especialmente pessoas com diabetes ou problemas circulatórios; entenda suas características, tratamentos e como se prevenir

de Redação Jornal Ciência 0

O Presidente Jair Bolsonaro teria dito a aliados que está com suspeita de erisipela, após o surgimento de feridas em suas duas pernas.

De acordo com relatos à imprensa de pessoas próximas ao Presidente, Bolsonaro disse que as dores nas pernas e as feridas começaram após intensas viagens de avião em meio à campanha eleitoral.

A erisipela ocorre, com mais frequência, em pessoas com diabetes ou problemas circulatórios. Ela surge quando bactérias comuns, que temos naturalmente na pele, entram em ferimentos mal higienizados. Até mesmo frieira entre os dedos dos pés pode ser a porta de entrada.

Geralmente, um grupo de bactérias chamado Streptococcus é o maior causador destas infecções. Destaca-se a espécie Streptococcus pyogenes do grupo A, como a maior causadora, mas a espécie Haemophilus influenzae tipo B, também pode provocar a doença.

Após se instalarem nas partes mais profundas da pele, a erisipela tem início formando “placas” vermelhas e dolorosas.

Não somente as placas vermelhas são características da doença, que costumam ser acompanhas de mal-estar, febre e outros sintomas, como calafrios, que podem ocorrer antes mesmo das placas se formarem.

Imagem mostrando o avanço da erisipela nas pernas e seus aspectos característicos

A erisipela precisa ser tratada adequadamente por um médico, especialmente dermatologista, porque existe possibilidade de evolução do quadro, formando coágulos que inflamam veias (condição chamada tromboflebite) e morte dos tecidos que acabam formando bolsas de pus.

O tratamento é feito com antibióticos com doses controladas pelo tempo necessário para erradicar as bactérias causadoras.

A erisipela pode ser considerada contagiosa, embora não seja comum. As bactérias em si não são capazes de provocar erisipela em outra pessoa, a menos que esta tenha fatores que predisponha a formação da doença.

Alguns destes fatores são: cortes cirúrgicos, ter tido erisipela anteriormente, possuir frieiras e micoses na pele, feridas por picadas de insetos, alguns tipos de alergias chamadas de eczema, varizes crônicas, doenças do fígado, obesidade, entre outros.

Pessoas que possuem fatores que diminuem o sistema imunológico também propiciam o desenvolvimento de erisipela, como por exemplo: ser portador do vírus HIV, ter diabetes descontrolado ou ser usuário de medicamentos como corticoides que diminuem o sistema imune.

Apesar de surgir com mais frequência nas pernas, pode se manifestar na pele de qualquer parte do corpo, inclusive na face. Os principais sintomas de alerta incluem calor na região acompanhado de manchas vermelhas, dor, coceira ou sensação de queimação, bolhas e, em alguns casos, vesículas.

Como prevenir?

Enxugar bem entre os dedos dos pés após o banho é uma boa medida para evitar proliferação de fungos que causam frieiras e outras doenças micóticas que, posteriormente, são porta de entrada para a erisipela.

Mude de calçados ao longo do dia para barrar o desenvolvimento de micoses ou utilize cosméticos específicos para os pés que mantêm o controle da umidade, de fungos e bactérias da região, bem como usar meias sempre limpas.

Meias elásticas também são indicadas por ajudar a reduzir os inchaços nas pernas e facilitar a circulação linfática, reduzindo edemas. Para os diabéticos, a atenção deve ser redobrada, sempre analisando se existem lesões na pele, especialmente nas pernas.

Imagens: Reprodução / Alan Santos via PR/ Medizzy

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