Descoberta sobre antimatéria poderia resolver um dos grandes enigmas do Universo, segundo estudo

de Gustavo Teixera 0

Os cientistas usaram um laser para “fazer cócegas” nos átomos da antimatéria – que é o inverso da matéria, composta por antipartícula de carga elétrica contrária – e os fizeram brilhar. Isso foi importante para responder a um dos grandes enigmas do Universo.

A teoria prevê que o Big Bang produziu quantidades iguais de matéria e antimatéria. Como eles cancelam uns aos outros, os cientistas têm tentado descobrir por que uma quantidade relativamente pequena de matéria permaneceu, permitindo que as estrelas, planetas e a vida como conhecemos permanecesse e antimatéria desaparecesse.

antimateria_02
átomo de anti-hidrogênio

Os pesquisadores da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, conhecida como CERN, passaram décadas tentando descobrir como criar uma versão de antimatéria do átomo mais básico, o hidrogênio, e prendê-lo por tempo suficiente para realizar testes. Em um artigo publicado na segunda-feira pela revista Nature, relataram o primeiro resultado cauteloso de um experimento com anti-hidrogênio.

Acontece que quando é estimulado com um laser, o anti-hidrogênio parece produzir luz na mesma frequência ultravioleta que suas nêmeses no mundo da matéria, o hidrogênio. A adição de energia, que neste caso é feito com um laser, aos átomos para ver que luz eles absorvem e emitem é conhecida como espectroscopia.

É uma ferramenta comumente usada em Física, Química e até mesmo Astronomia, para determinar a composição atômica de substâncias em um laboratório ou galáxias distantes. Os resultados podem ser apresentados como painéis tipo arco-íris ou como gráficos mostrando a distribuição de certas cores. “O que temos é uma cor. Mas é o mais fundamental, porque é o que podemos medir com mais precisão”, disse Jeffrey Hangst, um dos principais membros da equipe que trabalha no experimento ALPHA no CERN, localizado na fronteira da Suíça com a França.

antimateria_03

Hangst e seus colegas agora planejam refinar o experimento, usando técnicas desenvolvidas para o hidrogênio nos últimos 200 anos, para mapearem detalhes precisos do espectro atômico de anti-hidrogênio. Tudo o que fizemos até agora foi encontrar o topo da colina, agora queremos medir a forma da colina”, disse Hangst à Associated Press.

Guido Drexlin, físico do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe que não estava envolvido no estudo, disse que os cientistas esperavam ansiosamente os resultados do experimento do CERN há anos. Eles estão em um bom caminho. Descobrir com êxito uma diferença entre matéria e antimatéria seria digno de um Prêmio Nobel. As diferenças entre matéria e antimatéria são extremamente sutis. Há uma ligeira preferência pela matéria e gostaríamos de saber por quê”, disse Drexlin.

Hangst, que também está na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, disse que a equipe do CERN está trabalhando em novos experimentos, incluindo um que analisa como o anti-hidrogênio é afetado pela gravidade. Vamos fazer uma máquina vertical, e então vamos prender o anti-hidrogênio e soltá-lo” disse ele.

Um dos grandes obstáculos para os pesquisadores é o fato de que a produção de anti-hidrogênio ainda é um processo delicado que produz pouco mais de uma dúzia de átomos por vez. Mas Hangst disse que a equipe percorreu um longo caminho desde que propôs a experiência há cerca de 20 anos, inclusive sob a reprovação de alguns colegas. Houve uma época em que isso era uma espécie de vertente lunática da Física”, finalizou.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ] 

Jornal Ciência