Desastre Latrina de Erfurt: ao menos 60 nobres morreram afogados em poço de fezes e urina

Em julho de 1184, um desastre “pitoresco” ficaria marcado para sempre na História como uma das formas mais “bizarras” de nobres morrerem

de Redação Jornal Ciência 0

Dentre as possibilidades que você gostaria de deixar escrito no atestado de óbito sobre a causa de sua morte, certamente não está “afogamento em piscina de fezes”.

Por mais bizarro que isso possa parecer, foi exatamente o que ocorreu com um número estimado entre 60 e 100 pessoas da nobreza no século 12, na cidade de Erfurt, capital de Turíngia, na Alemanha. O fato ocorreu, mais especificamente, na cidadela de Petersberg.

Em julho de 1184, de acordo com relato oficial do desastre, que está muito bem documentado na história do povo alemão, o arcebispo de Mainz (também conhecido como Conrado de Wittelsbach) e Ludwig III (também conhecido como Landgrave da Turíngia) estavam em conflito.

A briga dos dois era uma disputa por terras, e isso gerou uma das maiores confusões já vistas na cidade. A briga se alastrou, gerando enorme tumulto, grande o suficiente para fazer o rei alemão Heinrich VI sentir que precisava se envolver.

O rei Heinrich VI ordenou uma reunião de grande número de nobres e funcionários de alto escalão, estabelecendo o local de reunião na Igreja de São Pedro, em Erfurt — embora este local seja contestado por alguns historiadores e possa ter acontecido em outro lugar.

Se você está recebendo um rei, você provavelmente esperaria que o piso do local não fosse sua maior preocupação de vida e que, no mínimo, o chão seria sólido, mas parece que ninguém realmente se importou com a questão e esqueceram da situação do banheiro da igreja.

O que torna o fato mais hilário é que o rei Heinrich VI, costumava dizer uma frase que virou um dos seus bordões: “se eu falhar, então posso morrer em excrementos”.

Parece piada, mas não é. Logo abaixo do piso, onde estava concentrada as pessoas da reunião, havia enorme fossa cheia de fezes e urina, estilo de banheiro coletivo muito comum na Idade Média.

O que os convidados não sabiam é que estavam prestes a morrem afogados em cocô e urina, já que na Idade Média, as fossas costumavam causar erosão nas paredes de terra ao redor, ganhando proporções maiores do que as planejadas inicialmente.

O chão não suportou tanta gente concentrada e cedeu, possivelmente pelo peso das armaduras de metal que muitos estavam usando — o que favoreceu que afundassem sem possibilidade de flutuar ou nadar à superfície, já que a textura fecal, como bem sabemos, é pastosa demais para que alguém dê braçadas como se estivesse em uma piscina olímpica.

O rei alemão Heinrich VI deixou a cidade, imediatamente, após conseguir escapar do acidente escatológico. Foto: Domínio Público

Os registros divergem apenas sobre o número de mortos no afogamento dentro da fossa, que acumulava enorme quantidades de fezes, urina e água, por séculos. Estima-se que entre 60 e 100 nobres morreram, mas alguns tiveram “a sorte” de morrer antes do afogamento lento, porque a estrutura do local atingiu algumas pessoas que tiveram morte instantânea.

Felizmente (ou injustamente) as principais pessoas envolvidas na disputa, que provocaram o motivo da reunião, como o arcebispo de Mainz e Ludwig III, estavam em uma sala separada dos outros, para debater as questões.

O rei Heinrich VI também estava na sala separada — em teoria. Os relatos tentam fugir da parte escatológica e apenas dizem que o rei conseguiu escapar ileso. Além de ser salvo, se livrou da possibilidade de ter seu nome escrito nos livros de história, para sempre, como o “rei que morreu afogado em cocô”.

Fonte(s): IFLScience Imagens: Divulgação

Jornal Ciência