Pesquisadores descobriram as primeiras evidências de seres humanos destros. A descoberta foi feita após os especialistas examinaram as marcações lineares nos dentes de um Homo habilis.
O fóssil, conhecido como OH-65, foi originalmente encontrado em 2003, em um canal de fluxo da Garganta de Olduvai, na Tanzânia. O lugar, conhecido como local paleoantropológico mais importante do mundo, possui dezenas de restos de humanos primitivos.
Uma equipe internacional de pesquisadores de diversas universidades ao redor do mundo analisou sulcos que foram encontrados ao lado dos dentes superiores da frente da espécie. Eles acreditam que quando OH-65 usou uma ferramenta com a sua mão direita para cortar os alimentos que segurava com a boca, puxava-o com a mão esquerda. As marcações podem ser vistas a olho nu, mas um microscópio foi usado para mostrar com precisão seu alinhamento e angulação.
“O trabalho experimental mostrou que esses arranhões foram provavelmente produzidos quando uma ferramenta de pedra foi usada para processar o material preso entre os dentes anteriores e a ferramenta. Isso atingiu a face, deixando uma marca permanente na superfície do dente”, disse o professor de Antropologia e principal autor do estudo, David Frayer, da Universidade do Kansas. A direção das marcas dos dentes levou os pesquisadores a concluir que o Homo habilis era destro.
Embora o estudo tenha uma amostra muito limitada, os pesquisadores esperam que ele auxilie na investigação de outras espécies. “À medida que mais pesquisa são realizadas, nós provamos que nos destros, a reorganização cortical e a capacidade de idioma são componentes importantes na origem do nosso gênero”, explica os pesquisadores.
Estudos anteriores já apontavam para a probabilidade do cérebro se reorganizar, já que o uso de ferramentas e de uma mão dominante ocorreu no início da linhagem humana. Embora os especialistas estimem que cerca de 90 por cento dos humanos modernos sejam destros, esse índice nos macacos é de 50 por cento.
Até agora, ninguém tinha analisado a direção da marcação dos dentes nas amostras humanas mais antigas. “Nós já sabemos que o Homo habilis tinha lateralização do cérebro”, comenta Frayer. A pesquisa foi publicada no Journal of Human Evolution.
[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ]