Até 7.000 tumbas de ex-pacientes do primeiro manicômio do Mississippi podem estar escondidas sob o chão de Universidade nos EUA

de Merelyn Cerqueira 0

Corpos de cerca de 7 mil ex-pacientes da primeira instituição mental do Mississippi, conhecida como Mississippi State Lunatic Asylum (MSLA), podem estar enterrados no campus do Centro Médico da Universidade do Mississippi (UMMC), segundo pesquisadores.

Desativado em 1855, o MSLA abrigou cerca de 35 mil pacientes entre os anos de 1865 e 1935, milhares dos quais foram enterrados no cemitério da instalação. 

Durante décadas essas sepulturas foram praticamente esquecidas, até que, em 2013, funcionários locais que trabalhavam na construção de uma estrada para o UMMC, fizeram uma terrível descoberta. Eles encontraram cerca de 66 túmulos não identificados que pertenciam a um dos cemitérios da antiga instituição mental.

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No ano seguinte, quando trabalhavam na construção de um estacionamento junto à Escola de Odontologia do UMMC, eles encontraram mais 1.000 caixões.

Após exames feitos por radar, especialistas estimaram que o local poderia conter mais de 2.000 túmulos. 

Mais recentemente, estimativas revisadas colocaram esse número em 7.000, enterrados em um sítio de oito hectares. Assim, conforme o custo de mão de obra para localizar esses enterros cresce, também sobe o preço de exumar e transferir esses corpos para outros locais.

As autoridades estimam que cada corpo custará cerca de 3.000 dólares para ser realocado. Considerando os milhares que existem ali, esse valor poderá subir para cerca de US$21 milhões.

Então, enquanto os pesquisadores esperam para que esse processo burocrático seja resolvido, eles estão aproveitando a oportunidade para estudar a história do asilo, realizando exumações internamente.

“Seria uma oportunidade única para o Mississipi”, disse a antropóloga Molly Zuckerman, da UMMC. “Isso faria do Mississipi um centro nacional de registros históricos relacionados à saúde no período pré-moderno, particularmente aqueles que estão sendo institucionalizados”. 

Apoiada por arqueólogos, historiadores e outros pesquisadores, Zuckerman formou uma equipe chamada Asylum Hill Research Consortium (AHRC).  Ela agora espera conseguir subsídios para aprender mais sobre a história da antiga instituição mental.

Graças ao apoio de Dorothea Dix, uma ativista norte-americana que atuou como enfermeira do Exército durante a Guerra Civil, conhecida como “o anjo dos manicômios”, a instituição foi construída em 1855.

O objetivo do local era proporcionar uma maneira mais humanizada de tratamento àqueles com doenças mentais, que à época eram mantidos em prisões, porões, acorrentados em armários e sótãos. 

Em seu auge, o asilo chegou a abrigar 6.000 pacientes, ao passo em que se expandiu para abarcar um bairro de casas, uma escola e uma igreja.

Após 80 anos de existência, altura em que a instituição já havia admitido mais de 35 mil pacientes, ela foi fechada.

Os internos foram transferidos para o recém-construído Mississippi State Hospital – embora os cemitérios tivessem permanecido no local até serem esquecidos e cobertos por novas construções, entre elas a UMMC. “Nós herdamos esses pacientes”, disse um dos pesquisadores AHRC, Ralph Didlake, do Centro Médico de Bioética e Humanidades Médicas da UMMC. “Queremos dar-lhes cuidado e uma gestão mais respeitosa”.

Fonte: Science Alert Fotos: Reprodução / Science Alert

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