Amálgama: Europa quer proibir as famosas restaurações dentárias de mercúrio devido à toxicidade; Reino Unido é contra

de OTTO HESENDORFF 0

Amálgama: Europa quer proibir as famosas restaurações dentárias de mercúrio devido à toxicidade; Reino Unido é contra

A União Europeia (UE) irá votar na próxima quarta-feira (17) uma proposta para proibir o uso odontológico das antigas obturações feitas de amálgama, por possuírem mercúrio na composição.

O Parlamento Europeu tem receio quanto à toxicidade do material e quer bani-lo do continente. O Reino Unido parece ir contra a proposta e teme que a proibição seja desastrosa para a economia.

De acordo com o jornal Daily Mail, autoridades inglesas de saúde odontológica dizem que milhões de pessoas precisam, anualmente, das obturações de amálgama, classificando-as como uma forma “seguras e eficazes” de tratamento.

Eles dizem que a proibição do uso, fabricação e exportação de mercúrio, a partir de janeiro de 2025, prejudicaria o fornecimento e aumentaria os custos do sistema público de saúde do Reino Unido (chamado de NHS) e dos dentistas particulares.

“Desde que a odontologia no NHS surgiu, o amálgama tem sido o material de referência na luta contra a cárie. Não existe nada que possa competir em durabilidade ou custo-benefício. Se a votação for aprovada, o impacto será sentido em todo o Reino Unido e entre os milhões que já lutam para ter acesso aos cuidados de higiene bucal”, disse Eddie Crouch, chefe de odontologia do governo.

O debate dura décadas, já que as obturações de amálgama são compostas de uma mistura de mercúrio, prata, cobre e estanho. Algumas misturas podem conter zinco e outros elementos em menores quantidades. O mercúrio é altamente tóxico, sendo mais venenoso que o chumbo.

Atualmente, a ciência sabe que vapores de mercúrio escapam durante o procedimento odontológico e pequenas quantidades do metal caem na corrente sanguínea, alcançando diversos órgãos. Isso ocorre quando o amálgama é inserido ou removido.

Existem alegações que as restaurações de amálgama podem estar ligadas a diversos problemas neurológicos, autoimunes e a doença de Alzheimer. Mas o Reino Unido afirma que não há provas de que a exposição ao mercúrio proveniente de obturações de amálgama tenha quaisquer efeitos nocivos para a saúde.

Em 2018, uma votação da UE proibiu obturações de amálgama em dentes de leite e em crianças com menos de 15 anos, a menos que os dentistas considerassem extremamente necessário. Na época, também foi proibido o uso em mulheres grávidas ou que estivessem amamentando..

Qualquer mercúrio exposto ao meio ambiente pode reentrar na cadeia alimentar, sendo encontrados resíduos nos solos, peixes e mariscos. A alta exposição ao mercúrio pode danificar o cérebro, os pulmões, os rins e o sistema imunológico humano.

Se for aprovado, todos os países da UE — e a Irlanda do Norte, sob acordos pós-Brexitvão se juntar a países como Suécia, Noruega, Dinamarca e Alemanha que já proíbem a utilização do amálgama.

Embora existam planos de longa data para eliminar gradualmente o uso no Reino Unido, os especialistas temem que uma interrupção abrupta representaria um golpe multimilionário para os serviços já em dificuldades, desestabilizando a odontologia do NHS.

A tendência de escolha pelas restaurações em resina branca, em um cenário onde os pacientes já enfrentam longas esperas pelas consultas do NHS, poderia agravar a situação, pois este procedimento requer mais tempo para a retirada da cárie pelo alto custo. Além disso, as autoridades alegam que as resinas têm menor durabilidade, necessitando de substituições mais frequentes.

Recentemente, um relatório do Nuffield Trust afirmou que a odontologia do sistema público do Reino Unido “enfrenta sérios problemas e está em declínio” e que materiais deveriam ser racionados para atender apenas aos mais necessitados.

Há registros históricos do uso de amálgama desde 659 d.C, mas a composição básica do material como técnica dental foi criada, cientificamente, em 1895. Posteriormente, suas normas de utilização foram estabelecidas em 1920.

Desde então, foi amplamente utilizado em todo o mundo por sua incrível estabilidade e durabilidade. Somente após algumas décadas é que seu uso começou a ser questionado devido à toxicidade do mercúrio e aos potenciais danos à saúde. 

Fonte(s): Daily Mail Imagem de Capa: Reprodução / Daily Mail Foto(s): Reprodução / Daily Mail via Szasz-Fabian Jozsef / Shutterstock

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