A história de Sarah Baartman; mulher com “doença das nádegas grandes” que virou atração de circo

de Redação Jornal Ciência 0

Sarah Baartman tinha esteatopigia — uma condição genética que provoca o acúmulo de gordura na região das nádegas, tornando-as extremamente protuberantes.

Por ter uma aparência diferente, ela foi atração de circo durante muitos anos, o que era aceitável em vários países à época, mas sua história é um pouco mais complexa, já que foi enganada.

Estima-se que Sarah nasceu em 1789 na Província Oriental do Cabo na África do Sul e que sua mãe faleceu quando ela tinha apenas dois anos de idade. Segundo relatos, seu pai morreu quando ela era uma adolescente.

Sarah passou a trabalhar como empregada doméstica e teve um bebê com um companheiro, que foi morto por um colonizador holandês. O bebê de Sarah também faleceu. 

Ela era analfabeta, e um médico britânico chamado William Dunlop fez promessas falsas de levá-la para um tratamento na Europa sobre sua condição de saúde, e até fez o patrão de Sarah assinar um contrato com essa finalidade.

Porém, ela foi levada para a Europa para ser atração de circo devido a sua aparência, recebendo a alcunha de “A Vênus Hotentote”.

Em um ato de ridicularizarão, ela ia de Londres à Paris para multidões observarem suas nádegas. Com o passar do tempo, a “atração” perdeu seu público e Sarah foi vendida a um empresário que a submeteu à prostituição.

Ela morreu aos 26 anos, no dia 29 de dezembro de 1815, em decorrência de uma “doença inflamatória e eruptiva”. Especialistas sugerem que essa doença, na verdade, tenha sido pneumonia e sífilis.

Os restos mortais de Sarah foram preservados e expostos em um museu de Paris até 1974, mas Nelson Mandela, depois de sua eleição como presidente da África do Sul, pediu a repatriação dos restos mortais de Baartman.

O governo francês concordou, e isso aconteceu em março de 2002. Em agosto daquele ano, seu corpo foi enterrado em Hankey, na província do Cabo Oriental, 192 anos depois de Baartman partir para a Europa.

Desde então, vários livros foram publicados sobre o tratamento que ela recebeu e seu significado cultural. 

“Ela se tornou um molde sobre o qual se desenvolvem múltiplas narrativas de exploração da mulher negra”, escreveu Natasha Gordon-Chipembere, editora do livro Representation and Black Womanhood: The legacy of Sarah Baartman (“Representação e Feminilidade Negra: O Legado de Sarah Baartman”, em tradução livre), em entrevista à BBC.  

Fonte(s): BBC Imagens: Reprodução / BBC

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